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Ataque de Israel a escola buscou ‘causar máximo de baixas’, confirmam evidências

Palestinos tentam identificar familiares mortos e feridos por um bombardeio israelense à escola-abrigo al-Taba’een, na Cidade de Gaza, em 10 de agosto de 2024 [Dawoud Abo Alkas/Agência Anadolu]

A rede de checagem de fatos da agência internacional Al Jazeera, Sanad, averiguou os detalhes do ataque aéreo israelense da manhã de sábado (10) ao colégio al-Taba’een, que deixou cem mortos, sobretudo mulheres e crianças.

Segundo as evidências analisadas, o ataque se deu “em um momento deliberado, a fim de causar o máximo de baixas [com] grande número de deslocados atingido”.

Para chegar a sua conclusão, a Sanad examinou relatos em campo, fotos dos estilhaços de bombas e da penetração das armas sobre o teto de uma mesquita, anexa à escola, e registros compilados logo após as explosões.

Com base nas provas periciadas, a agência confirmou que Israel disparou dois mísseis teleguiados no momento exato das orações islâmicas da manhã.

“Os mísseis penetraram no teto da mesquita, atravessaram o primeiro andar — onde se situava a capela das mulheres — e explodiram no térreo — onde os homens realizavam suas preces”, detalhou a reportagem.

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As evidências desmentem alegações israelenses de que o ataque alvejou combatentes dos grupos Hamas e Jihad Islâmica, ao notar a alta concentração de civis deslocados no momento das preces — horário escolhido para execução do ataque.

Conforme os peritos, fotos e relatos corroboram que, contrário à versão israelense, um incêndio eclodiu em áreas externas ao andar alvejado com suposta precisão, deixando dezenas de mortes e feridos, sobretudo mulheres e crianças.

“As evidências apontam fortemente ataque calculado e deliberado com dolo de causar perda generalizada de vidas”, concluiu a investigação.

A al-Taba’een abrigava famílias deslocadas sucessivamente pelos bombardeios de Israel a Gaza, mantidos há mais de dez meses, em violação da lei internacional e apelos por um acordo de cessar-fogo.

O ataque no sábado levou a seis o número de escolas-abrigos atacadas pelo exército de Israel apenas na última semana.

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Em Gaza, a campanha israelense deixou ao menos 40 mil mortos e 90 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados desde outubro.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, conforme denúncia sul-africana deferida em 26 de janeiro. A ofensiva israelense, como punição coletiva, segue em desacato da corte, que ordenou esforços de desescalada e fluxo humanitário contínuo aos palestinos de Gaza.

O enclave está em ruínas — escolas, hospitais e abrigos não foram poupados.

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