Os Estados Unidos aprovaram o envio de US$20 bilhões adicionais em armamentos ao Estado de Israel, apesar das supostas apreensões sobre frequentes violações do direito internacional nos territórios ocupados de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém.
O secretário de Estado, Antony Blinken, chegou a condenar em comunicado a invasão, nesta terça-feira (13), de colonos israelenses, encabeçados pelo ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, contra a Mesquita de Al-Aqsa.
Para Blinken, a medida “demonstrou franco desdém pelo status quo histórico sobre os santuários religiosos de Jerusalém”, ao constituir provocação e “exacerbar tensões em um momento crucial” para negociações de cessar-fogo.
Ainda assim, o chanceler americano assinou a transferência bilionária em armamentos ao Estado ocupante, no contexto do genocídio em Gaza.
Entre os armamentos aprovados, estão 50 jatos de guerra, fabricados pela companhia Boeing, 33 mil projéteis de tanques, veículos táticos, mísseis de médio alcance ar-ar e morteiros de grande porte.
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“Os Estados Unidos continuam comprometidos com a segurança de Israel e é vital aos nossos interesses auxiliar Israel a manter desenvolver sua forte capacidade e prontidão em termos de autodefesa [sic]”, insistiu o Departamento de Estado.
O anúncio coincide com uma escalada de tensões na região, após ataques atribuídos a Tel Aviv contra Beirute e Teerã, resultando na morte de Fuad Shukr e Ismail Haniyeh — respectivamente, comandante do Hezbollah e chefe político do Hamas.
Haniyeh foi morto na capital iraniana logo após atender à posse do novo presidente do país, Masoud Pezeshkian. Teerã prometeu retaliar.
Desde então, os Estados Unidos alegam trabalhar para evitar a escalada.
Neste sentido, o presidente Joe Biden insistiu nesta terça que a retaliação do Irã pode ser evitada caso se firme um acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros entre Hamas e Israel, apesar das persistentes negativas do lado israelense.
Críticos argumentam que, para persuadir o Estado ocupante, Washington tem de cortar suas exportações militares, sob risco de cumplicidade legal.
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Registros de atrocidades cotidianas em Gaza e violações contra prisioneiros palestinos em custódia israelense, como tortura e estupro, tampouco convenceram a Casa Branca a suspender o fluxo de armas, em detrimento da própria lei federal.
Diante do Conselho de Segurança das Nações Unidas, nesta terça, a embaixadora Linda Thomas-Greenfield argumentou que o objetivo da administração americana é “baixar a temperatura” — contudo, sem mencionar sanções.
Israel age em desacato de uma resolução do Conselho de Segurança para negociações, assim como medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, para desescalada e fluxo humanitário.
Em Gaza sitiada, a ofensiva israelense — punição coletiva, crime de guerra e genocídio — deixou ao menos 40 mil mortos e 90 mil feridos.