Um ataque israelense matou nesta terça-feira (13) dois gêmeos de apenas quatro dias de idade em Deir al-Balah, no centro de Gaza, quando uma aeronave militar atingiu seu apartamento, enquanto o pai buscava a certidão de nascimento dos filhos.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
“Eu tinha acabado de retirar a certidão de nascimento dos meus bebês, Aysel e Asser”, reiterou o pai, Mohammad Abu al-Qumsan, com lágrimas nos olhos. “Eu estava fora de casa, terminando a papelada, quando recebi a ligação … Não esperava que estivessem todos mortos”.
Mohammad e sua esposa, Jumana Arafa, foram expulsos de sua casa no norte de Gaza, deslocados sucessivamente pela varredura norte-sul das forças israelenses.
O casal deu as boas-vindas aos filhos no sábado passado, 10 de agosto, após uma difícil cesárea. Mohammad e Jumana tinham esperanças de futuro — todavia, caíram vítimas do genocídio em curso há mais de dez meses.
O pai havia saído para buscar a documentação das crianças na manhã desta terça, mas recebeu, em seu lugar, um telefonema devastador para informá-lo de que uma bomba israelense havia alvejado a residência que os abrigava.
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Em pânico, com o coração palpitando, Mohammad correu ao Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, onde confirmou seus piores pesadelos. Foi então que reconheceu sua família no pátio do necrotério, ao lado de dezenas de corpos.
Aysel e Asser foram o começo e o fim da minha felicidade. Minha alegria não poderia estar completa — agora, toda ela se foi.
Tragédias sem fim
A poucos metros de Mohammad, o irmão de Jumana lamentava a morte de sua mãe, Rim Jamal al-Batraoui, de 50 anos, também morta pelo ataque. Diante de seus corpos, indagou: “Qual foi o crime deles? Por que é que Israel atacou essas pessoas?”
O bombardeio é parte de um padrão extenso e documentado de ataques deliberados a áreas civis, conduzidos por Israel ao longo de toda sua campanha militar contra a Faixa de Gaza, desde 7 de outubro, deixando 40 mil mortos até então.
O assassinato dos bebês é mais uma das incontáveis tragédias que emergiram com as ações de Israel, deixando famílias como a de Mohammad com nada senão lembranças de seus entes queridos.
Israel age em desacato de uma resolução do Conselho de Segurança para negociações, assim como medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, para desescalada e fluxo humanitário.
Entre as fatalidades, quinze mil são crianças. Segundo estimativas, ao menos 115 bebês nasceram e morreram ao curso do genocídio. Outras dezenas morreram de fome.
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