A presença das empresas sionistas na Colômbia, Chile, Paraguai e Uruguai

Quase sempre se observa o lobby sionista em nossos países da América Latina através das fundações, instituições, grupos de pressão, “ONGs” e outras redes afins. Com a diplomacia pública e a ação do diretório vinculado ao gabinete do primeiro-ministro colonial, nos acostumamos ao bombardeio midiático e a presença de vídeos virais com polêmicas supremacistas e infindáveis calúnias aos defensores da libertação da Palestina. Menor atenção se tem dado para a presença de empresas sionistas instaladas nos territórios latino-americanos. Neste artigo notamos que essa permanência – e expansão – se dá mesmo em países cujos governos se mostram antissionistas. Vejamos o caso de Colômbia, Chile, Paraguai e Uruguai.

De acordo com o jornal La Republica (da Colômbia), a presença de pessoas jurídicas sionistas na Colômbia se manteve, independente das corretas posições do presidente Gustavo Petro.

“Segundo a Câmara de Comércio Colombiana-Israelense, os negócios estão acima dos presidentes e consideram que as empresas não estão sendo afetadas pelas declarações do presidente Petro. Existem mais de 100 empresas do Estado sionista com operações no país.

O setor agrícola é o que tem maior representação na Colômbia e conta com empresas reconhecidas internacionalmente. Talvez o mais importante seja a Netafin, principal criadora de irrigação agrícola do mundo, ou a Managro, que é uma das mais relevantes exportadoras de abacate Hass do país.

Por parte da Managro anunciaram a compra de 3.700 hectares, que plantariam com abacate Hass, para atender a demanda de 15 países consumidores deste produto colombiano, sendo Espanha, Estados Unidos, Japão, Estados Árabes Unidos Emirados e Argentina são os maiores compradores.”

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Já no Chile, assim como na Argentina (cuja presença empresarial sionista já avaliamos em ao menos três artigos), o controle sobre recursos hídricos é uma das metas permanentes do imperialismo e também dos capitais sionistas. Tal é o caso da empresa Mekorot. Segundo o jornal chileno La Tribuna, a estatal israelense se faz presente no sul chileno, em uma das regiões com maior conflito de terras e disputa através da presença organizada do povo mapuche.

Vejamos:

“A Região Biobío transformou-se no desenvolvimento da gestão estratégica dos seus recursos hídricos, após a assinatura de um acordo entre o Governo Regional de Biobío e a empresa israelense Mekorot.

Este acordo garantirá a disponibilidade do recurso para consumo humano e industrial, planeando a sua gestão de forma a aumentar a competitividade da Região e a cuidar do ambiente. O acordo começou a se concretizar na reunião do governador regional, Rodrigo Díaz, e do gerente geral da Develop Biobío, Marcelo Chávez, com o Ministério de Relações Exteriores em novembro de 2022, oportunidade onde foi acordado aprofundar o relacionamento entre Israel e o Biobío através da Agência de Cooperação Israelense.”

Outra vertente da presença empresarial sionista é por capitais associados, tal é o caso do Grupo ECIPSA, de capital argentino mas com parceria estratégica em Israel e outros sócios. O modelo de negócios é a construção de edifícios inteligentes, tendo chegado ao Paraguai em abril de 2024. Nos Territórios Ocupados de 1948, o conglomerado empresarial dirigido por Jaime Garbarsky, a meta de negócios é o sionismo de língua espanhola. Segundo o jornal paraguaio Economia Virtual:

“ Em 2023, o Grupo ECIPSA começou a forjar a sua chegada a Israel com a assinatura do seu primeiro acordo de exclusividade com Crystal Lagoons® para a implementação do seu sistema, tecnologia e serviços em empreendimentos imobiliários privados, de acesso público e híbridos.  Além dos projetos sustentáveis de lagoas cristalinas, no âmbito da inauguração dos escritórios, a empresa lançou a CasaVeIsrael, tornando-se a primeira corretora imobiliária em Israel para a comunidade de língua espanhola em todo o mundo. 

Além destas unidades de negócio, da subsidiária israelense, o Grupo ECIPSA associou-se a dois líderes mundiais do sector imobiliário, Barak Rosen e Asaf Touchmair, accionistas da conceituada promotora CanadaIsrael, para levar a cabo um importante projeto na Costa Leste na Cidade do Panamá, chamado Marcos Tower.”

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O edifício inteligente e de alta tecnologia instalado dentro do Estado Colonial do Apartheid está em Herzlyia Pituah (uma homenagem macabra a Theodor Herzl, fundador do sionismo judaico na última década do século XIX). Não por acaso se tratam de empresas para desenvolvimento cibernético e start ups de internet e inovação, operando códigos-fonte compartilhados com o aparelho de inteligência e defesa de Tel Aviv.

Um país que atrai capitais voláteis on shore (continental, não sendo ilhas) é o Uruguai. A praça financeira de Montevidéu e o complexo hoteleiro e de especulação imobiliária de Punta del Este e José Ignacio são verdadeiros ímãs para a evasão de divisas e a alocação de fortunas com origens duvidosas. Especificamente, o caso uruguaio na relação com empresas sionistas é de atração de soluções inteligentes e organizadores de financiamento online. Como se sabe, todos os dados que passam por empresas com sede ou mesmo com direitos de propriedade intelectual registrados sob a lei colonial de Tel Aviv, espelham os dados coletados na nuvem da inteligência sionista. As redes têm enorme interpenetração como é narrado abaixo, segundo o portal Uruguay Innovation Hub:

“O Uruguay Innovation Hub designou a OurCrowd como a aceleradora selecionada para liderar as operações no país. Esta organização foi presenteada com uma aliança estratégica com as incubadoras locais Ingenio (LATU) e CIE (Universidade ORT), bem como com o consórcio internacional Mana Tech, sob o comando de Moishe Mana. Este consórcio é um marco significativo no ecossistema de empreendedorismo uruguaio, abrindo novas oportunidades para a internacionalização do setor. empresas locais e reforçar os laços a nível nacional.

OurCrowd, de origem israelense, consolidou uma comunidade global de mais de 33.000 investidores em 183 países. Com 11 escritórios abertos em quatro continentes, a empresa demonstrou seu compromisso com a expansão global e com o apoio a startups inovadoras em diversos setores. Até o momento, a OurCrowd investiu em empresas localizadas em Israel, Estados Unidos, Índia, Canadá, Inglaterra, Nova Zelândia, Austrália e, a partir desta seleção, passará a operar também no Uruguai.  O seu historial de investimentos inclui várias empresas que alcançaram o estatuto de unicórnio, destacando a sua capacidade de identificar e apoiar o crescimento empresarial bem-sucedido.”

A rede é muito grande, estando no portfolio da Mana Tech, com sede em Miami, as seguintes conexões: 2Future; Endeavor; Banco Interamericano de Desenvolvimento; Uruguay XXI, Procomer Costa Rica Exporta, INNpulsa, Tech Beach Retreat, Invest Buenos Aires; Câmara Latinoamericana de Comércio; NXTP Corporate Partners; Ruta Medellín Centro de Inovação e Negócios; Chile Global Ventures; Procolombia; ProChile; ASELA; SS Index.

Apontando conclusões óbvias

Acima temos uma pequena mostra da penetração de empresas vinculadas ao Estado do Apartheid Colonial Sionista perpretando um genocídio em Gaza, a céu aberto e em tempo real. O apoio à libertação da Palestina passa por identificar, denunciar e combater o absurdo da normalização empresarial de governos e países da América Latina com forças econômicas, políticas e miliares dedicadas integralmente à limpeza étnica e expulsão de população nativa de sua terra natal. Qualquer semelhança com o genocídios dos povos indígenas do Continente não é nenhuma coincidência e como tal deve ser direta e severamente combatida.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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