Em mais uma evidência da recessão econômica em Israel, devido a suas ações militares em Gaza, a rede de monitoramento Fitch Ratings rebaixou os índices de crédito do país de “A+” a “A”, com previsões negativas para as avaliações futuras.
A medida é o mais recente golpe em uma série de demoções de Israel em agências de crédito internacionais, como Moody’s e S&P Global Ratings, no contexto do genocídio em Gaza, que deixou 40 mil mortos e 90 mil feridos até então.
Há quatro meses, a Fitch insistiu em manter o ranking “A+”, apesar do que caracterizou como perspectiva negativa. A análise de abril advertiu, contudo, para riscos de redução em suas próximas averiguações.
A decisão da Fitch, anunciada na noite de segunda-feira (12), justificou a demoção pelo “impacto da continuidade da guerra em Gaza, dos riscos geopolíticos e das operações militares em diversos fronts”.
Em uma análise fria da campanha militar israelense, a Fitch indicou para a possibilidade do “conflito” se estender até 2025.
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A avaliação de crédito contradiz promessas de líderes israelenses, sob pressão interna e diplomática, de que sua agressão a Gaza se aproxima do fim, diante de suposta vitória contra o grupo Hamas.
A agência de crédito projetou ainda maior deterioração nas finanças públicas de Israel, ao prever déficit no orçamento federal de cerca de 7.8% do produto interno bruto (PIB) em 2024, muito acima dos 4.1% de 2023.
O declínio fiscal foi atribuído a despesas militares, políticas de austeridade e relocação de gastos para residentes da região norte, dentre outros fatores.
A Fitch anteviu também aumento da proporção dívida–PIB a 70% e 72% em Israel para os anos de 2024 e 2025, respectivamente, ao superar, com o tempo, a máxima de 71% registrada durante a pandemia de covid-19.
O relatório alertou ainda para riscos geopolíticos, sobretudo tensões com Irã e grupos aliados, como Hezbollah, no Líbano, e houthis, no Iêmen. Para a agência, a conjuntura em curso “danifica ainda mais o perfil de crédito do Estado de Israel”.
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A Fitch documentou ainda hiatos produtivos, em particular, nas regiões de fronteira, e descenso em setores israelenses como turismo e construção civil.
A agência confirmou que, embora Israel tenha desmobilizado parte de seus reservistas, persevera o impacto à força de trabalho.
Neste contexto, a porção dedicada ao orçamento militar aumentou em 1.5% do PIB de Israel, comparado ao quadro fiscal anterior a 7 de outubro.
Sobre a demoção de crédito, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, alegou que a medida era “esperada”, dada a “mais longa e mais custosa guerra existencial [do país], combatida em múltiplos fronts por quase um ano”.
A redução de crédito se soma, porém, a recordes de pobreza e uma tendência de anos de recessão econômica e crise política no Estado israelense, mobilizando protestos de massa contra o governo, em escala quase semanal.
Israel age em desacato de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas para negociações, além de ordens cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, para desescalada e fluxo humanitário.
Estima-se esforços de décadas e bilhões de dólares para reconstrução e restituição da economia em Gaza, destruída por ataques à infraestrutura.
O enclave está em ruínas — escolas, hospitais e abrigos não foram poupados.
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