Mohammed Deif, comandante-chefe das Brigadas Izz al-Din al-Qassam, braço armado do Hamas, está vivo, destacou Osama Hamdan, porta-voz do grupo palestino, à rede de notícias Associated Press (AP), em reportagem publicada nesta quinta-feira (15).
A declaração de Hamdan desmente alegações do exército israelense, disseminadas em 1º de agosto, de ter assassinado Deif, em um suposto ataque aéreo contra Gaza sitiada, em 13 de julho.
É primeira vez que um oficial sênior do Hamas comenta a questão.
De acordo com Hamdan, Israel alegou matar Deif para “justificar o massacre” a tendas de refugiados em uma “zona segura” no distrito de al-Mawasi, em Khan Younis, no sul de Gaza, quando 88 pessoas foram mortas e 289 ficaram feridas.
Segundo as informações, o bombardeio atingiu duas instalações de infraestrutura civil: um centro de distribuição de gás natural e uma usina de dessalinização.
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A rádio militar israelense afirmou que fontes de defesa identificaram Deif como o alvo, apesar da negativa do Hamas na ocasião.
Ainda em 13 de julho, Khalil al-Hayya, vice-chefe do Hamas em Gaza, disse à Al Jazeera que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, queria proclamar uma “vitória falsa” ao anunciar um assassinato de alto nível em coletiva de imprensa.
Hayya antecipou que as declarações sobre a morte de Deif seriam facciosas, “apesar da dor verdadeira de dezenas de vítimas e mártires, sobretudo mulheres e crianças”.
“O sangue de Deif não é mais valioso do que o sangue de uma criança palestina. Ainda assim, dizemos a Netanyahu: você fracassou. Deif está ouvindo suas palavras e rindo de suas declarações mentirosas e vazias”, comentou Hayya.
Duas semanas depois, em 1º de agosto, Israel “confirmou” a morte de Deif; no entanto, sem detalhes ou mesmo evidências.
Vídeo registra os momentos que sucederam um novo massacre israelense ao campo de deslocados internos de al-Mawasi, em Gaza, designado ‘zona segura’, pela ocupação de Israel.
Em maio, Deif foi citado pela promotoria do Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia — junto de Yahya Sinwar e do falecido chefe político Ismail Haniyeh —, em um pedido de prisão pelas operações de 7 de outubro, que capturaram colonos e soldados.
Aos três nomes, se somou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, pelo subsequente genocídio em Gaza.
Ambos os lados se queixaram da solicitação de Khan.
Israel age em desacato de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas para debater um cessar-fogo, assim como medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, para desescalada e fluxo humanitário.
As ações israelenses em Gaza, como retaliação e punição coletiva, deixaram ao menos 40 mil mortos e 92.400 feridos até então, sobretudo mulheres e crianças, além de dois milhões de desabrigados e dez mil desaparecidos.
O TPI julga indivíduos, enquanto o TIJ julga Estados. Neste, Israel é ainda réu pelo crime de genocídio, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.