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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Parceiros no genocídio: Israel está massacrando os palestinos com as armas do Ocidente

Manifestantes pediram que os EUA parassem de enviar armas para Israel e seguraram cartazes com os dizeres “a fome é um crime de guerra”, “parem de armar o genocídio” e “gaza livre” em Jerusalém em 24 de maio de 2024 [Emily Glick/Middle East Images/AFP via Getty Images]

Embora muitos estejam apontando com seriedade a devastação da guerra, as violações desenfreadas dos direitos humanos e o rebaixamento deliberado do direito internacional e humanitário, há aqueles que veem a guerra de uma perspectiva totalmente diferente: os lucros.

Para os mercadores da guerra, a dor e a miséria coletivas de nações inteiras são ofuscadas pelos negócios lucrativos de bilhões de dólares gerados pela venda de armas.

A grande ironia é que alguns dos maiores defensores dos direitos humanos são, na verdade, aqueles que estão facilitando o comércio global de armas. Sem ele, os direitos humanos não seriam violados com tanta impunidade.

A Academia de Genebra, uma organização de pesquisa jurídica, afirma que atualmente monitora cerca de 110 conflitos armados ativos em todo o mundo. A maioria desses conflitos está ocorrendo no Sul Global, embora muitos desses casos sejam exacerbados, financiados ou gerenciados por potências ocidentais ou corporações multinacionais ocidentais.

Dos 110, 45 conflitos armados estão ocorrendo na região do Oriente Médio e Norte da África, 35 no restante da África, 21 na Ásia e seis na América Latina, de acordo com a academia.

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O pior e mais sangrento desses conflitos armados está ocorrendo atualmente em Gaza, uma das regiões mais pobres e isoladas do mundo.

Para estimar o futuro número de mortes resultantes da guerra em Gaza, uma das revistas médicas mais respeitadas do mundo, a Lancet, realizou uma pesquisa minuciosa intitulada “Counting the dead in Gaza: Difficult but essential”.

A aproximação foi baseada no número de mortos produzido em 19 de junho, quando Israel havia supostamente matado 37.396 palestinos.

O novo número da Lancet foi horrível, embora a revista médica tenha dito que suas conclusões se basearam em estimativas conservadoras de mortes indiretas em comparação com as mortes diretas que geralmente resultam dessas guerras.

Se a guerra tivesse terminado em 19 de junho, 7,9% da população da Faixa de Gaza morreria por causa da guerra e de suas consequências. Isso representa “até 186.000 ou até mais mortes”, de acordo com o jornal médico.

Os palestinos em Gaza não estão morrendo por causa de um vírus indetectável ou de um desastre natural, mas em uma guerra impiedosa que só pode ser sustentada por meio de remessas maciças de armas, que continuam a fluir para Israel apesar do clamor internacional.

Em 26 de janeiro, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) decidiu que tinha provas suficientes para sugerir que um genocídio estava sendo cometido em Gaza. Em 20 de maio, o procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, acrescentou sua voz, dessa vez falando de atos deliberados de “extermínio” de palestinos.

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No entanto, as armas continuaram a fluir, a maioria proveniente do governo ocidental. A principal fonte de armas é, sem surpresa, os Estados Unidos, seguidos pela Alemanha, Itália e Grã-Bretanha.

Apesar dos anúncios feitos por alguns países europeus de que estão reduzindo ou até mesmo congelando o fornecimento de armas a Israel, esses governos continuam a encontrar ressalvas legais para adiar a proibição total. A Itália, por exemplo, insiste em respeitar “ordens previamente assinadas” e o Reino Unido suspendeu o processamento de licenças de exportação de armas “enquanto se aguarda uma revisão mais ampla”.

Washington, no entanto, continua sendo o principal fornecedor de armas para Tel Aviv. Em 2016, os dois países assinaram outro Memorando de Entendimento que permitiria a Israel receber US$ 38 bilhões de ajuda militar dos EUA. Esse foi o terceiro Memorando de Entendimento assinado entre os dois países e tinha como objetivo cobrir o período entre 2018 e 2028.

A guerra, no entanto, fez com que os legisladores dos EUA fossem além do compromisso original, destinando mais US$ 26 bilhões (US$ 17 bilhões em ajuda militar), sabendo muito bem que a maioria das vítimas de Gaza, segundo estimativas das Nações Unidas, são civis, principalmente mulheres e crianças.

Portanto, quando os EUA pedem o fim da guerra em Gaza e continuam a inundar Israel com mais armas, a lógica parece totalmente falha e totalmente hipócrita.

A mesma hipocrisia se aplica a outros países, principalmente ocidentais, que descaradamente se apresentam como defensores dos direitos humanos e da paz internacional.

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De acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), os dez maiores exportadores mundiais de armas importantes entre 2019 e 2023 incluem seis países ocidentais. Somente os EUA têm uma participação de 42% nas exportações globais de armas, seguidos pela França, com 11%.

O total de exportação de armas dos seis principais países ocidentais chega a quase 70% da participação global.

Se considerarmos que a grande maioria dos conflitos armados está ocorrendo no Sul Global, a conclusão óbvia é que o próprio Ocidente que supostamente defende a paz global, a democracia e o direito internacional é a mesma entidade que também alimenta guerras, conflitos armados e genocídio.

Para que o Sul Global assuma o controle de seu futuro, ele deve lutar contra essa injustiça óbvia. Eles não podem permitir que seus continentes continuem a servir como meros mercados para as armas ocidentais. O sangue de árabes, africanos, asiáticos e sul-americanos não deve ser derramado para sustentar as economias dos países ocidentais.

É verdade que será preciso muito mais do que limitar o comércio de armas para acabar com os conflitos globais, mas o livre fluxo de armas para zonas de conflito continuará a alimentar a máquina de guerra, de Gaza ao Sudão e do Congo à Birmânia e além.

Pode-se continuar a argumentar que Israel deve respeitar o direito internacional e que a Birmânia deve respeitar os direitos humanos. Mas de que adiantam meras palavras quando o Ocidente continua a fornecer a arma do crime, sem nenhuma responsabilidade moral ou legal?

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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