Jornalistas que tentam cobrir os dez meses de genocídio israelense contra Gaza sitiada estão morrendo em um ritmo muito superior a qualquer outra profissão, corroborou a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), ao sugerir ataques diretos e deliberados à categoria.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
“A mortalidade entre jornalistas é muito, muito maior do que qualquer outra profissão civil”, comentou Tim Dawson, vice-secretário-geral da federação. “De fato, mais de 12% dos jornalistas de Gaza estão mortos, uma taxa de mortalidade já extraordinariamente alta até mesmo para soldados de infantaria”.
Em 10 de agosto, dois jornalistas — Tamim Ahmed Abu Muammer da rede Palestine TV e Abdullah Mahir al-Susi do canal Al-Aqsa — foram mortos por ataques israelenses, ao elevar os índices de fatalidade a 168 vítimas de várias nacionalidades.
Dawson reafirmou que as ações israelenses violam a lei humanitária internacional e as leis de guerra.
Dawson reiterou ainda esforços de vigilância avançada contra a categoria, incluindo por sistemas de espionagem e monitoramento como Lavender, Gospell e Pegasus.
“Sabemos que o exército israelense possui softwares bastante sofisticados que podem rastrear as pessoas e programar drones para entregar a morte certa a endereços bem específicos”, alertou Dawson.
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Para além dos assassinatos, o dirigente condenou a censura na imprensa israelense, ao denunciar “tentativas de controlar a narrativa” sobre a cobertura em Gaza.
“[Israel] excluiu a imprensa estrangeira de Gaza. Jornalistas internacionais peticionaram uma e outra vez para poderem entrar, mas foram recusados. Sabemos que o regime de Israel vem tornando difícil a vida de jornais que adotam uma perspectiva ligeiramente distinta de sua própria sobre o conflito em curso”, explicou Dawson.
A federação rechaçou ainda a perseguição política à rede Al Jazeera, cujas redações em Israel foram fechadas e cujos jornalistas foram expulsos do país.
Dawson ressaltou a demanda por acesso irrestrito da imprensa e proteção de equipes que trabalhem em condições de perigo e notou que a FIJ registrou queixas no Tribunal Penal Internacional (TPI) contra Israel pelas violações à imprensa.
Dawson reivindicou, por fim, uma investigação internacional detalhada contra aqueles responsáveis pelos crimes de guerra e lesa-humanidade contra a categoria.
As ações israelenses em Gaza — punição coletiva e genocídio — deixaram ao menos 40 mil mortos e 90 mil feridos até então, além de dois milhões de desabrigados.
Israel desacata medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado na cidade de Haia, na Holanda, e resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas para desescalada e fluxo humanitário contínuo.