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Bebê de dez meses é primeiro caso de pólio em Gaza em 25 anos

Esgoto a céu aberto após ataques israelenses à infraestrutura civil na cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, em 29 de abril de 2024 [Jehad Alshrafi /Agência Anadolu]
Esgoto a céu aberto após ataques israelenses à infraestrutura civil na cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, em 29 de abril de 2024 [Jehad Alshrafi /Agência Anadolu]

O Ministério da Saúde da Palestina confirmou nesta sexta-feira (16) o primeiro caso de poliovírus detectado na Faixa de Gaza em mais de 25 anos.

Em nota, a pasta técnica confirmou a detecção do vírus em um bebê de dez meses, na cidade de Deir al-Balah, onde centenas de milhares estão abrigados, em condições de superlotação, após sucessivos deslocamentos à força impostos por Israel.

O ministério reiterou agir para desenvolver “um plano abrangente e integrado” a uma campanha de vacinação urgente às crianças de Gaza.

Nesta semana, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, expressou um apelo pelo que descreveu como “pausa da pólio”, para permitir a imunização em massa das crianças vulneráveis em Gaza.

LEIA: Chefe da ONU pede ‘pausa da pólio’ em Gaza, em meio a alertas da doença

Ao caracterizar a situação em Gaza como “queda livre humanitária”, Guterres destacou a jornalistas: “Quando parece que a situação não pode piorar para o povo palestino de Gaza, seu sofrimento aumenta enquanto o mundo assiste”.

Guterres enfatizou a recente detecção de poliovírus em amostras de esgoto em Deir al-Balah e Khan Younis, ao advertir que “centenas de milhares de crianças estão em risco” e que “a poliomielite não se importa com fronteiras — tampouco espera”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou enviar 1.6 milhão de vacinas a Gaza, mas reiterou temer sua obstrução devido ao cerco imposto por Israel.

Em julho, a OMS manifestou “preocupação extrema” sobre um surto epidêmico depois de encontrar componentes de poliovírus tipo 2 (cVDPV) em amostras de esgoto de Deir al-Balah e Khan Younis, coletadas em 23 de junho.

A presença do vírus coincide com diversas epidemias, para além da fome, que tomam o enclave sob agressão israelense.

A cobertura de vacinação contra poliomielite nos territórios palestinos é notavelmente alta, com 99% em 2022. A pólio havia sido erradicada em Gaza. Porém, no fim de 2023, a cobertura palestina caiu a 89%, no contexto da escalada israelense.

Atualmente, apenas 16 dos 36 hospitais de Gaza estão parcialmente operantes, assim como 45 das 105 instalações de saúde primária.

Os ataques indiscriminados de Israel a Gaza, desde outubro, deixaram 40 mil mortos e 90 mil feridos até então, além de dois milhões de desabrigados. Dentre as fatalidades, ao menos 15 mil são crianças.

Hospitais, escolas e abrigos das Nações Unidas não foram poupados.

Israel ignora ainda medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana, além de resoluções por um cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

As ações israelenses constituem esforços de limpeza étnica, punição coletiva e crime de genocídio.

LEIA: Hamas rejeita novas condições de Israel nas negociações em Doha

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