A liderança da Autoridade Palestina (AP) deu início a uma série de contatos regionais e internacionais para permitir o êxito de uma eventual viagem do presidente Mahmoud Abbas à Faixa de Gaza sitiada, além da cidade ocupada de Jerusalém.
Na quinta-feira (15), durante discurso no parlamento da Turquia, Abbas confirmou suas intenções de realizar a viagem, acompanhado de lideranças nacionais. Segundo Abbas, o fim do conflito depende da retirada israelense de terras palestinas.
Seu discurso, com 46 minutos, contou com a presença do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ministros e parlamentares do governo e da oposição.
Abbas denunciou a cumplicidade dos Estados Unidos, incluindo por vetos no Conselho de Segurança, e instou a comunidade internacional a responsabilizar Israel pelos crimes de guerra e violações da lei internacional na Palestina ocupada.
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“Em 24 de julho, um criminoso de guerra [Benjamin Netanyahu, premiê israelense] deu um discurso repleto de mentiras ao Congresso americano”, comentou o presidente da Assembleia da Turquia, Numar Kurtulmus. “Hoje, recebemos a verdade”.
Abbas, de 88 anos, prometeu “realizar todos os esforços possíveis, junto dos membros da Autoridade Palestina, para estar com o povo palestino neste momento e pôr um fim à agressão bárbara que custa nossas vidas”.
Segundo informações da agência de notícias Wafa, a visita a Gaza “busca apoiar o povo palestino submetido a genocídio na região” e “reafirmar que o Estado da Palestina e a Organização para Libertação da Palestina (OLP) são as autoridades legítimas em todo o território ocupado, de modo a trabalhar para restaurar a união nacional”.
O governo radicado em Ramallah, na Cisjordânia, fez contatos com as Nações Unidas, membros permanentes do Conselho de Segurança, países regionais, Organização para Cooperação Islâmica (OCI), Liga Árabe, União Europeia e União Africana.
A Autoridade Palestina seria gestora dos territórios ocupados conforme os Acordos de Oslo, de 1993, embora Israel jamais tenha cumprido suas promessas rumo à chamada solução de dois Estados.
Neste contexto de ocupação e cerco, no entanto, a liderança da Autoridade Palestina é impedida de viajar a Gaza e Jerusalém — anexada unilateralmente por Israel em 1980, em medida jamais reconhecida internacionalmente.
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No final de julho, representantes do Fatah — bloco dominante da Autoridade Palestina — e de outras entidades nacionais, como o Hamas, que administra Gaza, firmaram um acordo de reconciliação de olho no pós-guerra.
O acordo, assinado em Pequim, busca assegurar governança palestina sobre Gaza uma vez que Israel dê fim a sua violenta ofensiva militar contra o enclave, ao estabelecer um governo interino conjunto para monitorar a reconstrução do enclave e realizar eleições nacionais.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro, deixando 40 mil mortos e 92 mil feridos até então, além de dois milhões de desabrigados. Entre as fatalidades, 15 mil são crianças.
Escolas, hospitais, abrigos e rotas de fuga não foram poupados.
Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.