Autoridades do Reino Unido decidiram indiciar sete ativistas por crime de “desordem violenta” em resposta a uma manifestação pacífica que ocupou um prédio pertencente à fabricante de armas israelenses Elbit, no sudoeste inglês.
As informações são da rede de notícias Al Jazeera.
O Serviço de Promotoria da Coroa (CPS) reportou na terça-feira (13) o indiciamento por danos penais, desordem violenta e assalto agravado por um protesto nas premissas da Elbit Systems em South Gloucestershire, em 6 de agosto.
“O CPS indicará à corte que tais ofensas têm conexão terrorista”, alegou a denúncia.
Os sete acusados — entre 20 e 51 anos de idade — são membros do coletivo Palestine Action, que recorre aos princípios da desobediência civil para protestar contra esforços de guerra, em particular no contexto da ocupação na Palestina.
A polícia do distrito de Avon e Somerset se queixou que o grupo forçou sua entrada ao edifício e “agrediu gravemente” funcionários, após supostamente derrubar os portões com um veículo.
As acusações serão avaliadas pela Corte de Magistrados de Westminster, em Londres.
A Palestine Action nega quaisquer crimes ou instâncias de violência, seja contra oficiais de polícia ou segurança privada, e insiste que o indiciamento comporta uma campanha de perseguição para justificar “uso injusto de poderes autoritários”.
Em comunicado, reiterou a rede pró-Palestina: “Nos recusamos a sermos intimidados; muito menos, a consentir com o genocídio”.
Em seu website, o coletivo reafirma a missão de “desmantelar a cumplicidade britânica com o apartheid israelense” e nota que sua “ação direta contra a Elbit tem como alvo a fonte da violência colonial e do genocídio, ao impedir que a firma lucre com massacres diários cometidos por Israel”.
A Elbit Systems é a maior fabricante de armas israelenses, ao fornecer cerca de 85% da munição por terra e ar utilizada pelo exército ocupante.
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Em seu website, a Elbit admite empregar 680 pessoas em 16 fábricas em suas filiais no Reino Unido, ao colaborar com múltiplos programas do exército britânico.
Desde sua fundação em 2020, a Palestine Action fechou permanentemente a fábrica da Elbit em Oldham e forçou a empresa a abandonar sua sede em Londres.
Em 2022, a rede conseguiu revogar contratos de £280 milhões (US$358 milhões) entre a fabricante israelense e o Ministério da Defesa do Reino Unido. Além disso, convenceu diversas empresas britânicas e europeias a cortar laços com a marca ocupante.
A Palestine Action intensificou suas ações diretas no contexto do genocídio na Faixa de Gaza, ao denunciar o apoio britânico e ocidental às violações de Israel, que incorreram em 40 mil mortos, 90 mil feridos e dois milhões de desabrigados até então.