Wissam Mansouri, governador do Banco Central do Líbano, em caráter interino, insistiu nesta quinta-feira (22) que sua instituição trabalha para evitar ser incluída na chamada “lista cinza” de países sob análise especial por eventuais crimes financeiros.
As informações são da agência de notícias Reuters.
Ser adicionado à “lista cinza” da Força Tarefa de Ação Financeira (FATF) — organização intergovernamental com sede em Paris — seria um novo golpe à economia do Líbano, que vive queda livre desde 2019.
Neste contexto, residentes continuam impedidos de acessar suas poupanças anteriores à crise e instituições no exterior mantêm restrições ao sistema financeiro libanês.
Em maio de 2023, o Líbano recebeu uma avaliação prévia sob a qual foi considerado à “lista cinza”, diante de lacunas em numerosas categorias, como combate à lavagem de dinheiro, transparência sobre a posse de firmas e assistência legal em congelamento e confisco de recursos sob suspeita.
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Após uma avaliação preliminar, o Líbano granjeou prazo de um ano para solucionar os problemas, antes de uma determinação final a ser deferida por um plenário da FATF no mês de outubro.
“A Força Tarefa de Ação Financeira emitirá sua decisão neste outono, mas trabalhamos duro para impedir que o Líbano seja colocado na lista cinza”, afirmou Mansouri em um encontro da União de Bancos Árabes na cidade de Beirute.
Mansouri reconheceu que o país recebeu baixa pontuação em medidas de confisco de riquezas ilícitas e combate à lavagem de dinheiro, de modo que é preciso desenvolver um melhor plano de ação para preencher as lacunas.
No último ano, fontes diplomáticas e financeiras confirmaram que a Comissão Especial de Inquérito do Banco Central buscava trabalhar com Estados-membros da FATF para dissuadi-los de rebaixar ainda mais a pontuação da economia libanesa.
Ser colocado na “lista cinza” pode prejudicar o fluxo de capital e levar bancos a cortar relações com clientes de países de alto risco, a fim de reduzir custos de compliance, de acordo com alertas do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A classificação implica ainda em danos à reputação, demoções nos rankings de crédito, problemas para obter financiamento e investimentos globais e carestia nas transações.
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No caso do Líbano, a listagem soma às agruras do país, diante não somente dos poucos avanços em reformas reivindicadas pelo FMI, em abril de 2022, como requisito para um pacote assistencial, como riscos de deflagração de uma guerra regional no contexto do genocídio israelense na Faixa de Gaza.
Há mais de dez meses, o influente grupo libanês Hezbollah troca disparos na fronteira com o exército israelense, para além de operações deste no Iêmen, na Síria e em Teerã.