Yitzhak Brik, major-general reformado do exército de Israel, advertiu nesta quinta-feira (22) que o Estado israelense pode sofrer um “colapso dentro de um ano”, caso a guerra em curso contra o Hamas, em Gaza, e o Hezbollah, no Líbano, continue.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
“O país realmente está trotando em direção ao abismo” declarou Brik em um artigo de opinião publicado pelo jornal israelense Haaretz. “Caso esta guerra de desgaste contra Hamas e Hezbollah continue, Israel entrará em colapso em não mais que um ano”.
O exército israelense lançou uma ofensiva brutal contra Gaza após uma ação do Hamas através da fronteira. No enclave palestino, são 40.300 mortos e 93.100 feridos, além de dois milhões de desabrigados em dez meses.
A crise deflagrou trocas de disparos entre Israel e Hezbollah na fronteira com o Líbano, sob receios de deflagração de uma guerra aberta após um ataque israelense a Beirute, que matou um comandante do grupo pró-Teerã.
Brik expressou ceticismo sobre alegações de alguns oficiais israelenses de que o Hamas deve se render e que seu líder atual, Yahya Sinwar, seja capturado.
“A maioria das declarações pretenciosas do ministro da Defesa, Yoav Gallant, ao longo da guerra em Gaza se provaram sem qualquer fundamento”, destacou o general. “Com suas falas, Gallant, assim como o chefe do exército, Herzi Halevi, e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, nada mais fez que jogar areia nos olhos do público”.
Para Brik, Gallant passou a perceber, contudo, que “o conceito de uma vitória total em Gaza é uma besteira”.
O general corroborou denúncias de que “as novas condições de Netanyahu” tornaram inviável um acordo de troca de prisioneiros com o grupo Hamas. Conforme sua análise, “falhar em um acordo levará a uma guerra regional, com grave risco a Israel”.
Por meses, Estados Unidos, Catar e Egito tentam mediar um acordo — contudo, sem a anuência do governo em Tel Aviv.
Netanyahu é acusado de procrastinar ou sabotar um acordo em causa própria, receoso do colapso de seu governo de extrema-direita e de sua potencial prisão por três casos de corrupção em curso no judiciário israelense.
Em Gaza, Israel age ainda em desacato de uma resolução por cessar-fogo do Conselho de Segurança e medidas cautelares por fluxo humanitário do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, sob denúncia de genocídio deferida em janeiro.