Diretor palestino Elia Suleiman recebe prêmio honorário no Festival de Sarajevo

Elia Suleiman, diretor palestino, recebeu o Prêmio Honorário Coração de Sarajevo, por sua contribuição com o desenvolvimento da indústria audiovisual, na última sexta-feira (16), em cerimônia realizada pelo  Festival de Cinema de Sarajevo, na capital da Bósnia e Herzegovina.

Em postagem no Twitter (X), declarou a organização: “É nossa honra premiar o distinto diretor palestino Elia Suleiman com o Prêmio Honorário Coração de Sarajevo deste ano, ao celebrarmos sua contribuição excepcional ao mundo do cinema”.

“Este é o momento certo para receber o Coração de Sarajevo”, comentou Suleiman, ao receber o prêmio. “Vivemos em tempos difíceis e devemos permitir ao cinema tornar o mundo menos violento. Temos de compartilhar nosso amor. Quando voltar para a casa, transplantarei este coração”.

Suleiman foi convidado do festival em 2019, quando seu filme O Paraíso Deve Ser Aqui integrou a programação a céu aberto. No mesmo ano, a obra recebeu menção especial do júri no Festival Internacional de Cannes.

Suleiman também esteve em Sarajevo como presidente do júri, em 2016, e convidado, em 2013. Neste ano, o festival lhe consagrou outra honraria: uma retrospectiva de sua sua carreira. Nos quatro primeiros dias do evento, nove de suas obras foram exibidas.

“Com seu humor e sua profunda perspicácia, [Suleiman] navega nas complexidades de nossa existência, ao iluminar o lado absurdo da vida com uma clareza e pungência sem iguais e representar a identidade palestina com seu estilo autoral”, afirmou o diretor do festival, Jovan Marjanović.

“Hoje, nos momentos mais tristes e obscuros de sua terra nativa, sua obra serve como farol de entendimento, ao nos relembrar do poder de contar histórias para inspirar um diálogo abrangente”, acrescentou.

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O evento deste ano celebrou ainda Meg Ryan, atriz e diretora de Hollywood, Alexander Payne, diretor, e John Turturro, ator e produtor.

Nascido em 1960, na cidade palestina de Nazaré, Suleiman morou em Nova York entre 1981 e 1993. Em 1994, voltou a Jerusalém, onde recebeu de criar um Departamento de Cinema e Comunicação na Universidade de Birzeit.

No contexto do genocídio israelense contra os palestinos de Gaza, Suleiman comentou ao Hollywood Reporter: “Ser palestino nos coloca em uma espécie de posição alienada diante do mundo, ao nos fazer refletir sobre os horrores na Palestina e os governos que apoiam tanto horror”.

No entanto, expressou esperanças: “A arte marcha a um passo muito mais lento do que as balas … Podemos não ver as mudanças em nosso tempo de vida, mas o acúmulo de produções culturais capazes de inspirar os povos livres pode, sim, trazer resultado”.

Suleiman é também consultor artístico do Festival de Cinema de Doha.

O Festival de Cinema de Sarajevo abarca produções de Viena e Istambul, criado há 30 anos por entusiastas da indústria, ao fim das guerras nos Balcãs.

O evento deste ano se estende até sexta-feira (23), com a participação de 240 filmes.

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