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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Ilhan Omar expõe ‘humilhação’ de Blinken por não obter trégua ao visitar Israel

Deputada dos Estados Unidos Ilhan Omar realiza coletiva de imprensa por cessar-fogo em Gaza em frente ao Capitólio, em Washington DC, em 29 de fevereiro de 2024 [Yasin Öztürk/Agência Anadolu]

Ilhan Omar, parlamentar dos Estados Unidos pelo Partido Democrata, condenou o que caracterizou como “humilhação” à qual se submeteu o secretário de Estado americano, Antony Blinken, ao voltar de Israel sem qualquer trégua em Gaza.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

“Agora se perguntem, como é que nosso o secretário de Estado realiza 11 viagens a um país para implorar pelo fim de uma crise para a qual somos nós que fornecemos armas e bombas em primeiro lugar?”, declarou a representante de Minnesota a um evento do Movimento Não-Comprometido em Chicago, Illinois.

“Como é que permitimos ao nosso secretário de Estado que viaje a Israel e insista, pela 11ª vez, que estamos perto de um cessar-fogo, quando logo ao partir para o Egito, Bibi [primeiro-ministro israelense, Benjamin] Netanyahu convoca uma coletiva de imprensa para negar qualquer acordo?”, acrescentou.

“Por que é que não temos vergonha dessa humilhação que os representantes de nosso governo enfrentaram afinal?”, reiterou Omar. “Pois já não se trata apenas da hipocrisia de dizer que respeitamos a lei internacional — mas também a humilhação”.

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Omar condenou o governo Biden por “se recusar a reconhecer a guerra genocida” que Israel impõe a Gaza.

“Trabalhar incansavelmente por um cessar-fogo não quer dizer nada e eles deveriam se envergonhar em repetir essas palavras, porque, afinal, somos nós que providenciamos as armas”, concluiu a deputada. “Logo, se querem realmente um cessar-fogo, parem de mandar armas a Israel”.

No mesmo evento, Cori Bush, deputada pelo Missouri, cuja reeleição foi impedida por grupos de lobby colonial sionista, conclamou a colegas democratas que preservem seus princípios e valores.

Bush destacou que mais de 40 mil homens, mulheres e crianças de Gaza foram mortos por “armas que nós — os Estados Unidos — fabricamos e pagamos”.

“Milhões de pessoas estão famintas, enfrentando bombardeios incessantes pelos quais os Estados Unidos pagam a conta”, denunciou Bush. “Elas se perguntam: por que é que continuamos a marchar e falar e chorar e exigir e ainda assim as bombas não param de chover?

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As denúncias coincidem com a Convenção Nacional Democrata (DNC), em Chicago, que se encerrou nesta quinta-feira (22), ao confirmar a candidatura de Kamala Harris, atual vice-presidente, em lugar do incumbente Joe Biden, que deixou a corrida.

A Convenção foi marcada por marchas e protestos em solidariedade a Gaza por cessar-fogo, convocadas pelo Movimento Não-Comprometido e outros.

Eleitores progressistas, embora mais simpáticos a Harris, ainda alertam para abstenção caso não haja uma mudança programática do Partido Democrata em relação a Gaza. O nicho eleitoral foi crucial à vitória de Biden em 2020.

Blinken viajou ao Oriente Médio na semana passada, ao se reunir com diversos líderes, incluindo o premiê israelense Benjamin Netanyahu e o presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi. Sua viagem se deu pelo pretexto das negociações indiretas por cessar-fogo — no entanto, sem resultado, devido às demandas “maximalistas” de Tel Aviv.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro, com apoio dos Estados Unidos, deixando mais de 40 mil mortos, 92 mil feridos e dois milhões de desabrigados até então. Entre as fatalidades, 16.400 mil são crianças.

O atual programa de Harris não menciona a mortalidade em Gaza.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro, e age em desacato de uma resolução do Conselho de Segurança por desescalada e acesso humanitário.

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