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Palestinos nos EUA acusam Blinken de agir como chanceler israelense

Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, encontra-se com o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, em Tel Aviv, em 19 de agosto de 2024 [Ariel Hermoni/Agência Anadolu]

Comunidades palestinas nos Estados Unidos acusaram o Secretário de Estado, Antony Blinken, de exercer o papel de ministro de Relações Exteriores de Israel, após sua turnê pelo Oriente Médio, em vez de representante dos interesses de Washington.

As informações são do site de notícias Al-Resalah.

A reportagem citou o cidadão palestino-americano Rahef Lafi Awadallah — membro da Rede Comunitária Palestina dos Estados Unidos e ativista da campanha da sociedade civil por Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS).

Segundo Awadallah, o posicionamento do governo democrata do presidente Joe Biden é “confirmação de sua parceria plena na guerra de extermínio que assola os palestinos de Gaza pelo 11º mês, além dos ataques em Jerusalém e na Cisjordânia”.

Awadallah acusou a gestão na Casa Branca de usar as supostas negociações por cessar-fogo como mero trunfo eleitoral, ao avançar ou postergar a pauta conforme interesses de campanha e pesquisas de opinião conduzidas por instituições americanas.

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Conforme o ativista, ambos os partidos nos Estados Unidos — republicano, encabeçado por Donald Trump; e democrata, pela vice-presidente Kamala Harris — põem o sangue palestino em uma espécie de “bazar eleitoral”, ao competir, na prática, sobre “quem dá mais satisfação ao lobby israelense”.

Para Awadallah, tais posicionamentos expressam a realidade do atual cenário político nos Estados Unidos, sem qualquer respeito a princípios e valores declarados de direitos humanos e democracia, ao aderir apenas a interesses escusos na corrida eleitoral.

As denúncias coincidem com a Convenção Nacional Democrata (DNC), em Chicago, que se encerrou nesta quinta-feira (22), ao consolidar a candidatura de Harris, em lugar do incumbente Biden, que deixou a corrida sob pressão política.

A Convenção foi marcada por marchas e protestos em solidariedade a Gaza, por cessar-fogo, nas ruas de Chicago.

Eleitores progressistas, embora mais simpáticos a Harris, ainda alertam para abstenção caso não haja uma mudança programática do Partido Democrata em relação a Gaza. O nicho eleitoral foi crucial à vitória de Biden em 2020, também sobre Trump.

Blinken viajou ao Oriente Médio na semana passada, ao se reunir com diversos líderes, incluindo o premiê israelense Benjamin Netanyahu e o presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi. Sua viagem se deu pelo pretexto das negociações indiretas por cessar-fogo — no entanto, sem resultado, devido às demandas “maximalistas” de Tel Aviv.

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Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro, com apoio dos Estados Unidos, deixando mais de 40 mil mortos, 92 mil feridos e dois milhões de desabrigados até então. Entre as fatalidades, 16.400 mil são crianças.

O atual programa de Harris não menciona a mortalidade em Gaza.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro, e age em desacato de uma resolução do Conselho de Segurança por desescalada e acesso humanitário.

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