A organização internacional Human Rights Watch (HRW) reivindicou uma investigação detalhada e devida responsabilização sobre instâncias de violações israelenses contra profissionais de saúde na Faixa de Gaza.
“Forças israelenses detiveram dezenas arbitrariamente profissionais palestinos do setor de saúde em Gaza, desde a deflagração das hostilidades em outubro, ao deportá-los a centros de detenção em Israel, onde, conforme relatos, sofrem tortura e maus tratos”, destacou o HRW em relatório publicado nesta segunda-feira (26).
A detenção de trabalhadores no contexto dos reiterados ataques do exército israelense aos hospitais de Gaza contribuiu para o colapso do setor, reiterou o alerta.
De acordo com Balkees Jarrah, diretor em exercício do HRW para o Oriente Médio: “Os maus tratos contra profissionais de saúde palestinos pelo governo de Israel continuam às escuras e precisam parar imediatamente”.
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Médicos, enfermeiros e paramédicos detidos e posteriormente libertados denunciaram ao Human Rights Watch uma série de violações em custódia, incluindo espancamento, humilhação, posições de estresse e negligência médica.
Casos de tortura também foram documentados e até mesmo agressão sexual e estupro por parte de soldados israelenses.
As condições de detenção são deliberadamente precárias a todos os prisioneiros.
Israel mantém ataques a Gaza, com assistência ocidental, desde outubro, deixando ao menos 40 mil mortos e 97 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados.
O número de prisioneiros capturados em Gaza — sobretudo nas sucessivas incursões militares de Israel aos hospitais do enclave — permanece em segredo, assim como seu paradeiro.
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A população de Gaza — 2.4 milhões de pessoas — continua ainda sob cerco absoluto, imposto por Israel: sem comida, água ou medicamentos. Dezenas morreram de fome, sobretudo crianças.
A infraestrutura civil do enclave, incluindo hospitais, escolas, usinas de dessalinização, unidades de saneamento, abrigos e outras, foi majoritariamente destruída, levando a doenças — incluindo um caso de poliomielite em um bebê de dez meses.
Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.