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‘Massacre de jornalistas’: Grupos instam Europa a encerrar cooperação com Israel

Ali Kaima, jornalista palestino, assassinado por um ataque israelense ao distrito de al-Mawasi, no Hospital Nasser de Khan Younis, em Gaza, em 26 de agosto de 2024 [Hani Alshaer/Agência Anadolu]

Cerca de 60 organizações de imprensa e direitos humanos instaram a União Europeia a suspender seus acordos de cooperação com Israel e impor sanções ao Estado ocupante devido aos ataques deliberados a jornalistas na Faixa de Gaza sitiada.

“Em resposta ao número sem precedentes de jornalistas mortos e outras violações em série da liberdade de imprensa, por parte das autoridades israelenses, desde o começo da guerra, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e outras 59 entidades pedem que a União Europeia suspenda seu Acordo de Associação com Israel e adote sanções diretas contra os responsáveis”, disseram os grupos em nota conjunta nesta segunda-feira (26).

O apelo foi reforçado à véspera de um encontro de ministros de Relações Exteriores do bloco em Bruxelas, nesta quinta-feira (29).

Conforme o comunicado, o período desde outubro — quando se deflagrou o genocídio israelense em Gaza — “é o mais letal a jornalistas em décadas”.

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“Mais de 130 profissionais de imprensa palestinos foram mortos pelas Forças Armadas de Israel desde 7 de outubro”, destacou o alerta. “Ao menos 30 deles foram mortos em exercício de seu trabalho, além de três jornalistas libaneses e um israelense no mesmo período”.

“O assassinato deliberado ou indiscriminado de jornalistas, seja por ação ou omissão, é um crime de guerra”, acrescentou.

Os Acordos de Associação da União Europeia com Estados não-membros delimitam os termos de relações bilaterais, incluindo comércio. O Artigo 2 do texto ordena “respeito aos direitos humanos e princípios democráticos”, como ressaltou Julie Majerczak, chefe do escritório da RSF em Bruxelas.

“O governo israelense está claramente violando este artigo”, argumentou Majerczak. “A União Europeia, principal parceiro comercial de Israel, deve tirar as devidas conclusões deste fato e fazer de tudo para assegurar que o governo [israelense] pare de massacrar jornalistas e respeite o direito a informação e liberdade de imprensa, inclusive ao abrir Gaza para acesso da categoria”.

O Comitê para Proteção de Jornalistas e o Human Rights Watch (HRW) estão dentre os signatários da declaração.

Israel mantém ataques a Gaza desde outubro, deixando mais de 40 mil mortos e 97 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados.

O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

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