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Bélgica ressoa alarme sobre surto de poliomielite na Faixa de Gaza

Abdul Rahman Abu al-Jidyen, de 11 meses de idade, primeira vítima da poliomielite na Faixa de Gaza em 25 anos, junto de sua família, em Deir al-Balah, no centro do enclave, em 27 de agosto de 2024 [Hassan Jedi/Agência Anadolu]

Caroline Gennez, ministra de Cooperação e Desenvolvimento da Bélgica, somou-se aos alertas sobre a propagação de doenças, incluindo a poliomielite, em Gaza sitiada, como resultado da ofensiva israelense em curso desde outubro.

Gennez ecoou chamados por negociações imediatas por um cessar-fogo.

“A crise humanitária em Gaza é intolerável, após 10 meses de conflito”, disse a ministra na rede social X (Twitter). “Fome e epidemias correm soltas. Isso precisa parar”.

Gennez reiterou que água, comida e cuidados médicos “não são armas de guerra e não devem ser usados para este propósito em circunstância alguma”.

Na terça-feira (27), Josep Borrell, chefe de política externa da União Europeia, advertiu para a rápida propagação do poliovírus, ao notar que um cessar-fogo é crucial para que as crianças sejam vacinadas.

“A célere disseminação da pólio ameaça todas as crianças de Gaza — já debilitadas por deslocamento, privação e desnutrição”, acrescentou Borrell.

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Borrell sugeriu um cessar-fogo de três dias, independente de negociações, com intuito de possibilitar uma campanha de imunização da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo da Infância das Nações Unidas (Unicef).

“Nossa humanidade exige isso”, destacou o diplomata.

Em 16 de agosto, o Ministério da Saúde de Gaza confirmou o primeiro caso de pólio no território palestino em 25 anos, na cidade de Deir al-Balah, diagnosticado em um bebê de então dez meses de idade, não vacinado devido ao cerco.

A doença afeta sobretudo crianças com menos de cinco meses, levando a paralisia dos membros, sequelas e mesmo óbito por parada respiratória.

Em julho, a OMS manifestou “preocupação extrema” sobre um surto epidêmico depois de encontrar componentes de poliovírus tipo 2 (cVDPV) em amostras de esgoto de Deir al-Balah e Khan Younis.

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A cobertura de vacinação contra poliomielite nos territórios palestinos é notavelmente alta, com 99% em 2022 — porém, registrou queda a 89% no final de 2023, no contexto da escalada israelense.

Neste contexto, a OMS anunciou o envio de 1.6 milhão de vacinas a Gaza, mas reiterou temer sua obstrução pelas forças de Israel. Especialistas advertem ainda que um surto de pólio em Gaza ameaça toda a região, inclusive Israel.

Casos de hepatite A, difteria e gastroenterite também atingem a população, devido às condições sanitárias em Gaza, em particular, esgoto a céu aberto próximo aos campos de refugiados superlotados, sob sucessivos bombardeios de Israel.

Atualmente, apenas 16 dos 36 hospitais de Gaza estão parcialmente operantes, assim como 45 das 105 instalações de saúde primária.

Os ataques indiscriminados de Israel a Gaza deixaram ao menos 40 mil mortos, 90 mil feridos e dois milhões de desabrigados. Entre as fatalidades, 15 mil são crianças.

Hospitais, escolas e abrigos das Nações Unidas não foram poupados.

Israel ignora ainda medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), onde é réu por genocídio sob denúncia sul-africana, além de resoluções por um cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

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