O fechamento em série de campos de petróleo na Líbia seguiu tendência nesta quarta-feira (28), após o campo de Sarir cessar sua produção quase totalmente, confirmaram dois engenheiros locais à agência Reuters.
A crise em curso culmina de embates políticos sobre o controle do Banco Central e dos recursos de petróleo no Estado norte-africano.
Autoridades no leste, onde está situada a maioria dos campos líbios, declararam nesta segunda-feira (26) que a produção e exportação deve ser suspensa totalmente.
Sarir produzia cerca de 209 mil barris por dia (bpd) antes de um corte na produção, de acordo com os engenheiros.
Exportações de petróleo estão interrompidas ou reduzidas drasticamente sob motivos de “força maior”, no campo de Sharara — com capacidade de 300 bpd —, entre outros, como El Feel, Amal, Nafoora e Abu Attifel.
Em julho, a Líbia — país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) — produzia cerca de 1.18 bpd. Os cortes, portanto, podem impactar o mercado internacional de petróleo.
LEIA: ONU alerta para colapso econômico da Líbia, em meio a escalada da crise
A suspensão em série decorre de uma decisão do Conselho Presidencial, com sede em Trípoli, de demitir Sadiq al-Kabir, presidente do Banco Central, levando facções rivais a mobilizarem armas novamente.
O premiê Abdulhamid al-Dbeibah, empossado em 2021 por um processo mediado pela Organização das Nações Unidas (ONU), criticou nesta semana a suspensão de trabalhos por “pretextos frágeis”.
Nesta terça-feira, o general Michael Langley, chefe do Comando dos Estados Unidos na África, e o encarregado de negócios, Jeremy Berndt, se reuniram com o marechal líbio Khalifa Haftar, que controla as milícias a leste e sul.
A embaixada americana em Trípoli comentou no Twitter (X): “Os Estados Unidos instam todas as partes interessadas na Líbia a se engajarem em diálogos construtivos”.
Washington reiterou ainda seu apoio à missão das Nações Unidas no país (Unsmil).
A Líbia vive instabilidade desde 2011, com a destituição do longevo ditador Muammar Gaddafi por manifestações populares, após intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
O país se dividiu em 2014 entre grupos rivais no leste e oeste, ao eventualmente atrair atenção da Rússia e da Turquia, para além do Ocidente.
Combates praticamente cessaram com um acordo de 2020, mas esforços para dar fim à crise política e conduzir eleições não avançaram, à medida que instituições adversárias disputam os copiosos recursos do país.