Ao menos 11 palestinos foram mortos por novas operações militares de Israel no norte da Cisjordânia ocupada, nesta quarta-feira (28).
Em breve comunicado, o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina (AP) reportou ao menos seis mortos na cidade de Jenin e outros cinco em Tubas, sob incursões paralelas de batalhões israelenses, por ar e terra.
O diretor do departamento de ambulâncias do Crescente Vermelho da Palestina — ong que integra a Cruz Vermelha Internacional — informou à rede Al Jazeera quatro mortos no campo de refugiados de Far’a, na região de Tubas.
Equipes do Crescente Vermelho foram impedidas de acessar os feridos.
Conforme repórteres em campo, três ataques ocorreram em três diferentes localidades ao longo da madrugada.
O exército ocupante confirmou conduzir uma série de operações em diversas áreas do norte da Cisjordânia, incluindo Jenin, Tubas e Tulkarem.
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Segundo informações da agência Anadolu, trata-se da maior operação militar de Israel na Cisjordânia em mais de duas décadas, desde o ataque a Jenin em 2002. Conforme o jornal em hebraico Yedioth Ahronoth, as ações envolveram duas brigadas, helicópteros, drones e tratores.
Dois hospitais foram sitiados no campo de refugiados de Jenin, corroborou a rádio Kan, ligada ao exército colonial. A polícia de fronteira e forças do Shin Bet — agência interna de inteligência de Israel, análoga ao Mossad — participaram dos ataques.
Segundo residentes do campo de Nur Shams, em Tulkarem, forças coloniais lhes deram três horas para deixarem suas casas. “Não há ordens diretas, mas tudo isso sugere uma potencial escalada”, comentou um morador.
O ministro de Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, destacou que as ações incluem “evacuação temporária [sic] de residentes palestinos”, ao sugerir ameaças.
“Devemos agir contra a ameaça na Cisjordânia como fazemos em Gaza”, declarou Katz, “incluindo evacuação temporária [sic] de residentes palestinos e qualquer outro passo necessário. Esta é uma guerra por tudo e temos de vencer”.
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Para o analista político Omar Baddar, porém, a ofensiva é parte de estratégias de longa data do regime israelense para consolidar sua limpeza étnica dos territórios ocupados, mediante transferência compulsória dos palestinos nativos.
“Vale notar o contexto — isto é, o fato de que Israel pretende anexar via limpeza étnica partes consideráveis da Cisjordânia por muito, muito tempo”, explicou Baddar. “Penso que Israel viu uma chance, pelo fato de que o mundo está distraído com os horrores de Gaza, para intensificar ações na Cisjordânia”.
Nabil Abu Rudeineh, porta-voz da Autoridade Palestina, alertou para resultados “graves e perigosos” das ações de Israel.
Para Mustafa Barghouti, secretário-geral da Iniciativa Nacional Palestina, a operação de Israel é “um ato de guerra”, sobretudo considerando os danos à infraestrutura civil, que indicam objetivo tácito de tornar a região inabitável.
“Destruíram encanamentos, redes de eletricidade, casas e escolas. O que eles querem? Querem criar uma situação em que não possamos viver em nosso país e é exatamente disso que se tratam os planos de assentamentos”, advertiu Barghouti.
Nos últimos anos, o exército israelense tem conduzido operações regulares nas aldeias e cidades ocupadas da Cisjordânia, com uma escalada sem precedentes no contexto do genocídio em Gaza, desde 7 de outubro, com 40 mil mortos e 90 mil feridos.
Neste período, disparos israelenses deixaram ao menos 662 mortos e 5.400 feridos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, além de dez mil detidos em uma campanha hostil que dobrou a população carcerária palestina.
Parte considerável dos palestinos nas cadeias da ocupação continua em custódia sem julgamento ou sequer acusação — reféns por definição.
Em 19 de julho, em decisão histórica, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, admitiu como “ilegal” as décadas de ocupação israelense em terras palestinas e exigiu evacuação imediata de todos os assentamentos e reparações aos nativos.
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