Majed Abu Ramadan, ministro da Saúde da Autoridade Palestina (AP), anunciou nesta sexta-feira (30) o calendário de vacinação contra a poliomielite para crianças abaixo de dez anos na Faixa de Gaza sitiada, com início no domingo, 1º de setembro.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Segundo comunicado emitido pela gestão em Ramallah, a primeira etapa da campanha terá como foco o distrito de Deir al-Balah, no centro de Gaza, de 1º a 4 de setembro. A segunda etapa, de 5 a 9 de setembro, será em Khan Younis, no sul do enclave; por fim, de 9 a 12 de setembro na Cidade de Gaza e na região norte.
O cronograma coincide com um acordo anunciado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de “pausas localizadas” de três dias cada à medida que a imunização segue pelo enclave. A agência, no entanto, alerta para eventuais obstruções israelenses.
O ministro reiterou que os equipamentos de vacinação serão transportador pelas áreas demarcadas conforme o cronograma e instou os residentes de Gaza a imunizarem suas crianças e rejeitarem desinformação disseminada pelas forças israelenses.
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A pasta divulgou também os mapas de imunização e emitiu mensagens aos residentes de Gaza para comunicá-los de datas e localidades.
Nesta sexta, em informe às Nações Unidas, Rik Peeperkorn, representante da OMS nos territórios palestinos ocupados, confirmou que a campanha contará com duas doses de vacina contra a pólio tipo 2 (nOPV2), por via oral, com público-alvo de 640 mil crianças com menos de dez anos.
Segundo Peeperkorn, em torno de 1.26 milhão de doses foram entregues a Gaza, junto a 500 carregadores refrigerados. Outras 400 mil vacinas devem chegar em breve. Mais de 2.180 profissionais de saúde e agentes comunitários foram treinados para realizar a campanha e informar as famílias sobre os esforços.
“É preciso alcançarmos ao menos 90% de campanha vacinal em cada uma das rodadas dessa campanha, para conter o surto e impedir a disseminação internacional da pólio”, reiterou Peeperkorn.
“Pedimos a todas as partes envolvidas que suspendam os combates para permitir que as crianças e famílias tenham acesso seguro às instalações de saúde e equipes remotas incumbidas da campanha”, acrescentou.
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“Sem pausas humanitárias, a realização da campanha, já implementada em condições bastante restritas e desafiadoras, não será possível”, advertiu o oficial. “Reafirmamos o nosso apelo por um cessar-fogo para permitir a reconstrução do sistema de saúde e o robustecimento de nossa rotina de imunização”.
Em 16 de agosto, o Ministério da Saúde de Gaza confirmou o primeiro caso de pólio no território palestino em 25 anos, na cidade de Deir al-Balah, diagnosticado em um bebê de então dez meses de idade, não vacinado devido ao cerco.
Em julho, a OMS manifestou “preocupação extrema” sobre um surto epidêmico depois de encontrar componentes de poliovírus tipo 2 (cVDPV) em amostras de esgoto de Deir al-Balah e Khan Younis.
A cobertura de vacinação contra poliomielite nos territórios palestinos é notavelmente alta, com 99% em 2022 — porém, registrou queda a 89% no final de 2023, no contexto da escalada israelense.
Casos de hepatite A, difteria e gastroenterite também atingem a população, devido às condições sanitárias em Gaza, em particular, esgoto a céu aberto próximo aos campos de refugiados superlotados, sob sucessivos bombardeios de Israel.
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Atualmente, apenas 16 dos 36 hospitais de Gaza estão parcialmente operantes, assim como 45 das 105 instalações de saúde primária.
Os ataques indiscriminados de Israel a Gaza deixaram ao menos 40 mil mortos, 90 mil feridos e dois milhões de desabrigados. Entre as fatalidades, 16.400 mil são crianças.
Israel age em desacato de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, onde é réu por genocídio sob denúncia deferida em janeiro, além de resoluções por um cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas.