A Federação Internacional de Futebol (FIFA) adiou novamente uma deliberação, a pedido da Associação de Futebol da Palestina, para suspender a seleção de Israel dos torneios e eventos internacionais devido à campanha genocida em Gaza.
“A FIFA recebeu uma análise legal, independente, sobre as proposituras da Associação de Futebol da Palestina contra a Associação de Futebol de Israel”, declarou a associação na rede social X (Twitter). “A análise será enviada ao Conselho da FIFA para revisão, para que a matéria seja discutida no próximo encontro, que ocorrerá em outubro”.
“A FIFA gostaria de agradecer ambas as associações filiadas por seu apoio e colaboração em curso”, acrescentou.
A federação palestina busca a suspensão de Israel de eventos esportivos ao menos desde maio, quando a FIFA abriu um requerimento urgente para análise legal, sob promessas de deliberação até julho, em um encontro extraordinário do Conselho.
No entanto, às vésperas das Olímpiadas de Paris, a FIFA adiou a decisão até 31 de agosto, ao permitir, na prática, que a seleção israelense competisse na fase de grupos do torneio de futebol masculino do evento.
A FIFA não divulgou detalhes sobre a avaliação ou a data específica do encontro.
Em maio, durante o 74º Congresso da FIFA em Bangkok, Jibril Rajoub, presidente do órgão desportivo palestino, pediu “sanções apropriadas” contra todas as equipes israelenses —incluindo clubes e a seleção nacional.
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Israel costuma disputar torneios e classificatórias pela União das Associações Europeias de Futebol (UEFA), embora seja localizado no continente asiático.
A Confederação de Futebol Asiática (AFC) declarou apoio à solicitação palestina.
No Brasil, coletivos pró-Palestina — como Frente Palestina São Paulo, Juventude Sanaúd, BDS Brasil, entre outros — lançaram uma campanha para que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol) se somem às denúncias.
A eventual suspensão de Israel na FIFA tem precedente.
Em 1961, a entidade esportiva baniu a África do Sul devido ao apartheid; em 1992, foi a vez da Iugoslávia, sob gestão sérvia, devido às violações nos Balcãs, após a emissão de sanções da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em 2022, a FIFA e a UEFA agiram rapidamente para suspender a Rússia por sua invasão militar contra a Ucrânia.
A campanha de boicote ao apartheid israelense transcende a FIFA a outras federações esportivas — incluindo o Comitê Olímpico Internacional (COI).
Israel ignora medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) e resoluções de cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas ao manter suas operações indiscriminadas contra Gaza desde 7 de outubro.
O Estado israelense é réu por genocídio no tribunal em Haia, sob denúncia sul-africana, deferida em janeiro. Entre as medidas desacatadas, está a suspensão de sua campanha em Rafah, no extremo sul de Gaza, que abriga hoje até 1.5 milhão de palestinos.
Em Gaza, a campanha israelense — punição coletiva — deixou ao menos 40.700 mortos e 94 mil feridos até então, além de dois milhões de desabrigados. O enclave está em ruínas, sem água, comida, energia elétrica ou medicamentos.
Entre os mortos, estão ao menos 410 atletas, incluindo 297 jogadores de futebol.