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Principal sindicato israelense lança greve geral por troca de prisioneiros

Israelenses protestam contra o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em Tel Aviv, 31 de agosto de 2024 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]

O maior sindicato israelense lançou uma greve geral no país, vista como a maior até então desde 7 de outubro, em meio a protestos de massa contra o governo do premiê Benjamin Netanyahu, por um acordo de troca de prisioneiros com os grupos palestinos de Gaza.

A mobilização ocorre horas depois do exército israelense alegar ter resgatado seis corpos de prisioneiros de guerra no sul do enclave.

“Estamos recebendo corpos em sacos em vez de um acordo”, lamentou Arnon Bar-David, presidente da Federação Trabalhista Histadrut. “Cheguei à conclusão de que apenas uma intervenção nossa pode convencer aqueles que precisam ser convencidos”.

“Peço ao povo de Israel que tome as ruas hoje à noite e amanhã e a todos que participem da greve”, acrescentou.

A paralisação de um dia teve início às 6h00 da manhã do horário local, ao fechar por duas horas o Aeroporto Internacional Ben Gurion, em Tel Aviv, a partir das 8h00 (5h00 GMT).

A federação deve decidir sobre extensão da greve ainda hoje.

De acordo com o jornal Times of Israel, O Sindicato dos Professores, filiado ao Histadrut, reportou que todas as escolas de ensino fundamental permanecerão abertas apenas até às 11h45, exceto as instituições que atendem crianças com necessidades especiais.

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O diretor de ensino infantil da entidade informou que todos os jardins de infância estarão completamente fechados, salvo a mesma exceção.

Segundo o jornal Haaretz, três emissoras de destaque na televisão israelense — Canal 11, 12 e 13 — “anunciaram mudanças na programação regular, ao adiar reality shows e outras peças de entretenimento em favor do noticiário e dos funerais dos reféns”.

Alguns governos locais, como o Conselho Regional de Gezer e as prefeituras de Tel Aviv e Givatayim, confirmaram que seus funcionários se juntarão aos protestos.

Um grande escritório de direito em Israel manifestou apoio e ofereceu assistência a todos que porventura sejam alvejados pela repressão policial.

Restaurantes, bares, cinemas e locais de entretenimento em todo o país aderiram à greve, ao fechar as portas desde a noite de domingo (1º) e convocar clientes para “se somarem às manifestações”.

“Não deixem sozinhas as famílias dos reféns”, escreveu uma associação patronal do setor de restaurantes.

LEIA: Hamas culpa bombardeios de Israel por morte de seis reféns em Gaza

Netanyahu negou responsabilidade pelas mortes dos seis prisioneiros de guerra em Gaza, ao insistir em culpar o Hamas. O grupo palestino, em resposta, informou que os óbitos se deram pelos bombardeios indiscriminados de Israel.

Fontes israelenses disseram que três dos seis prisioneiros mortos seriam libertados ainda na primeira fase de uma troca de prisioneiros, conforme os termos do acordo atualmente negociado, via mediação do Catar, Egito e Estados Unidos.

“Seus nomes apareciam nas listas entregues no início de julho”, destacou uma fonte. “Era possível tê-los trazido de volta com vida”.

A greve ocorre sob apelo de uma associação de famílias dos israelenses em custódia em Gaza, que apontou a responsabilidade direta de Netanyahu e instou o primeiro-ministro a “não se esconder detrás de um porta-voz”.

O líder da oposição, Yair Lapid, somou-se aos apelos para “parar a economia”, ao insistir que “Netanyahu e seu governo de morte decidiram deixar de resgatar os reféns”.

Netanyahu é acusado de sabotar um acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros com o grupo Hamas, ao adicionar novos termos abusivos às sucessivas propostas, sob receios do colapso de seu governo e eventual prisão por corrupção.

Israel ignora medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) e resoluções de cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas, ao manter sua campanha em Gaza há quase 11 meses.

O Estado israelense é réu por genocídio em Haia, sob denúncia da África do Sul, deferida em 26 de janeiro.

Em Gaza, a campanha israelense — punição coletiva — deixou ao menos 40.700 mortos e 94 mil feridos até então, além de dois milhões de desabrigados. O enclave está em ruínas, sem água, comida, energia elétrica ou medicamentos.

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