A Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia recebeu conversas nesta segunda-feira (2), na capital Trípoli, para tentar resolver disputas sobre o Banco Central que deflagraram um bloqueio generalizado na produção de petróleo, ao ameaçar uma retomada dos conflitos armados no país.
As informações são da agência de notícias Reuters.
O impasse eclodiu após facções no oeste da Líbia tentarem exonerar, no mês passado, o governador do Banco Central, Sadiq al-Kabir, para substituí-lo por um conselho rival. Em resposta, grupos na região leste fecharam todas as refinarias.
Em nota, a missão da ONU alegou que as consultas foram concluídas com entendimento “considerável”. Ambos os lados concordaram em submeter uma proposta de acordo para suas respectivas câmaras, a fim de finalizar o texto e assiná-lo em breve.
Os preços de petróleo voltaram a decolar na segunda, como compensação por parte das perdas da última semana.
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As exportações, no entanto, permanecem congeladas e há receios de que não se possam cumprir as promessas de um aumento na oferta do cartel conhecido como OPEP+ — que reúne membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e parceiros, como a Rússia. O grupo mantém cortes há anos, como forma de controlar os preços.
Representações da Câmara dos Representantes e do Alto Conselho de Estado da Líbia — de um lado, radicados na porção leste do país — e do Conselho Presidencial — por outro, com sede em Trípoli — participaram das conversas, que tomaram o dia todo.
O Banco Central da Líbia é o único repositório legal dos abundantes recursos de petróleo líbio e paga salários por todo o país. Caso a crise suspenda suas operações, a população deve sentir o impacto, com congelamento de remunerações ao funcionalismo público, de transferências entre bancos e de carteiras de crédito requeridas a importações.
Na prática, a economia da Líbia e seu comércio internacional devem ser paralisados.
Grupos no leste — como a Câmara dos Representantes, comandada por Aguila Saleh, e o Exército Nacional da Líbia, do general Khalifa Haftar — opõem-se à demissão de al-Kabir pelo Conselho Presidencial, reconhecido internacionalmente.
Como resultado do fechamento das refinarias, a Corporação Nacional de Petróleo notou queda na produção total de mais de 591 mil barris por dia (bpd) até 28 de agosto, de cerca de 959 mil bpd dois dias antes. Trata-se de US$120 milhões de prejuízo em três dias.
Em 20 de julho, a produção era de 1.28 milhões bpd, segundo a empresa estatal.
A crise ameaça dar cabo ao período de quatro anos de paz relativa no Estado-membro da OPEP, dividido há uma década entre leste e oeste, sob disputas de influência entre Rússia e Turquia.
Ao longo dos anos, conforme se intensificavam os confrontos, a Corporação Nacional de Petróleo e o Banco Central foram vistos como “fora dos limites”, a fim de assegurar que o Estado continuasse a funcionar.