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Ex-refém israelense acusa Netanyahu de ‘trair e abandonar’ seus cidadãos

Israelenses tomam as ruas contra o premiê Benjamin Netanyahu, por um acordo de troca de prisioneiros com o grupo palestino Hamas, em frente a sua residência oficial na cidade ocupada de Jerusalém, em 3 de setembro de 2024 [Saeed Qaq/Agência Anadolu]

Liat Atzili, ex-prisioneira de guerra na Faixa de Gaza, acusou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de trair seu cargo ao “abandonar” os reféns, ao instar o presidente israelense, Isaac Herzog, a ecoar os alertas.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Atzili fez seus comentários durante discurso surpresa na cerimônia oficial de oito anos da morte do ex-presidente Shimon Peres, no Monte Herzl, em Jerusalém ocupada.

Residente do colonato (kibutzim) de Nir Oz, Atzili foi mantida em custódia em Gaza por 54 dias. Seu marido foi morto em 7 de outubro, durante ação transfronteiriça do Hamas que capturou colonos e soldados.

Segundo o exército israelense, cerca de 1.200 pessoas foram mortas na ocasião. Indícios compilados pelo jornal Haaretz, contudo, indicam “fogo amigo”, incluindo ordens diretas de comandantes israelenses para evitar a tomada de reféns.

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Desde então, em Gaza, são 40 mil mortos, 90 mil feridos e dois milhões de desabrigados. Conversas por um cessar-fogo e troca de prisioneiros continuam paralisadas, apesar de protestos internos e pressão diplomática.

Netanyahu é acusado de postergar um acordo em causa próprio, sob receios do colapso de seu governo e eventual prisão por corrupção, sob três processos em curso.

“O governo israelense deixou claro para todos nós que a vida humana não lhes é sagrada”, declarou Atzili.

“Hoje, está mais para todos nós: O sr. Abandono tem de ir embora, para que os 101 reféns remanescentes possam voltar”, acrescentou Atzili em referência a um livro publicado por familiares dos reféns.

Ao refletir sobre a morte de Peres, acrescentou: “Foram oito anos desde que o senhor nos deixou, sr. Peres, mas parece uma era. Nestes anos, Netanyahu conseguiu apagar nossos sonhos de paz e esperança, dividir nosso povo e unir nossos inimigos contra nós. Sequer posso imaginar o que o senhor diria sobre 7 de outubro”.

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Conforme seu alerta, as ações da resistência palestina se deram pois Netanyahu “estava preocupado em permanecer no poder e impor seu golpe autoritário”, em vez de promover medidas que evitassem o incidente.

“O contrato fundamental entre cidadão e seu Estado foi violado em 7 de outubro, quando o Estado de Israel falhou em nós proteger”, prosseguiu Atzili. “Em nome de suas mentiras, Netanyahu agora impede qualquer acordo para libertar os reféns”.

“Netanyahu, que fracassou em defender-nos do Hamas e do Hezbollah, está contra todos aqueles que apoiam um acordo, para trazer de volta os reféns, ao nos pôr como inimigos para preservar sua vida política”.

A Herzog, concluiu Atzili: “Vá a público e diga que o primeiro-ministro traiu seu cargo … O seu silêncio, sr. presidente, assombrará você”.

Em outras ocasiões, Herzog manifestou apoio à ofensiva em Gaza, incluindo ao se somar às declarações desumanizantes contra os palestinos.

O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

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