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Centro Brasileiro de Estudos em Saúde condena genocídio em Gaza

Ambulância na entrada do Hospital al-Shifa, após retomada dos serviços em seu pronto-socorro, na Cidade de Gaza, em 1º de setembro de 2024 [Mahmoud Issa/Agência Anadolu]

O Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes), instituição nacional da sociedade civil, condenou em petição divulgada em seu website, nesta terça-feira (3), o “genocídio perpetrado pelo Estado de Israel sobre a população palestina”, que se aproxima da “deplorável marca de um ano no próximo mês”.

“O Cebes condena os ataques aos profissionais de saúde na Palestina”, destacou a nota, “e exige [respeito aos] protocolos das convenções de Genebra”.

Em seu comunicado, o Cebes minuciou a escala da crise:

Nós, profissionais da saúde, humanistas, seguimos com horror e consternação a evolução da barbárie sem precedentes da qual o povo palestino é vítima, sobretudo a destruição do sistema de saúde e da infraestrutura sanitária; a retenção deliberada de água, eletricidade, alimentos e insumos básicos de saúde, provocando epidemias e privando pacientes de medicamentos necessários para sua sobrevivência; o assassinato de centenas de profissionais de saúde e trabalhadores humanitários diretamente visados; assim como a detenção e a tortura sistemática de profissionais de saúde palestinos.

O Cebes recordou um relatório recente da organização Human Rights Watch (HRW), que expôs a “dimensão absolutamente estarrecedora da tortura e do abuso sofridos por profissionais de saúde nos centros de detenção estabelecidos por Israel, verdadeiros campos de concentração onde milhares de palestinos e palestinas são submetidos a tratamento desumano, humilhação, tortura e execuções”.

A instituição reiterou ainda os relatos de “uso sistemático de abuso sexual, como o estupro coletivo que causou a morte de um palestino no centro de detenção [israelense] de Sde Teiman no mês de julho”.

ASSISTA: Médico palestino documenta retratos e relatos das vítimas da agressão em Gaza

Em seu apelo, a associação de saúde conclamou “profissionais de saúde do Brasil, da América Latina e do mundo a condenarem veementemente esses ataques aos princípios mesmo de humanidade que minam os protocolos das Convenções de Genebra tão necessários para proteger o pessoal sanitário e os enfermos em situações de guerra”.

“Conclama, também, o Estado brasileiro a cessar todas as relações com o Estado israelense, incluindo acordos de cooperação científica e militar, a exportação de petróleo — ressaltando que o Brasil é um dos principais fornecedores de Israel — e a compra de armamentos”, acrescentou.

 

 

Ao embasar sua convocatória, o Cebes ressaltou a opinião consultiva do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, de 19 de julho, que ordenou a retirada das forças ocupantes da Palestina, e o processo de genocídio contra o Estado de Israel na mesma corte, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

Segundo o Cebes, sobre o relacionamento Brasília — Tel Aviv, “a continuação do fornecimento de petróleo e de cooperação militar pode constituir cumplicidade com o genocídio segundo o direito internacional”.

De acordo com relatório do Alto-Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos (ACNUDH), emitido em junho, cerca de 500 profissionais de saúde de Gaza foram mortos por Israel desde outubro.

Nesta semana, o Ministério da Saúde reabriu o pronto-socorro do Hospital al-Shifa, maior complexo médico de Gaza, após duas invasões israelenses, em novembro e abril, que deixaram destruição extensa, sobretudo no departamento de cirurgias especializadas, além de corpos carbonizados e covas coletivas nas ruas e pátios dos arredores.

Conforme acompanhamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas um terço dos hospitais de Gaza permanecem parcialmente operantes, após sucessivos bombardeios e incursões armadas somadas ao cerco militar.

Pacientes fogem do hospital de Gaza em meio a ordens de evacuação israelenses

Apesar de pressões internas e uma contenda acalorada com o regime israelense, que o declarou persona non grata, Lula e seu governo ainda postergam a ruptura de relações militares, comerciais e diplomáticas com o Estado colonial de apartheid.

No total, em Gaza, são 40 mil mortos e 94 mil feridos em pouco menos de um ano, além de dois milhões de desabrigados. Entre as fatalidades, 16.400 são crianças.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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