Um franco-atirador israelense assassinou uma menina de 16 anos na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada, nesta semana, ao baleá-la na testa enquanto ela olhava pela janela de sua casa, reportou o pai nesta quarta-feira (4).
As informações são da agência de notícias Reuters.
O exército israelense alegou averiguar as denúncias em torno da morte de Lujain Osama Musleh, na terça-feira (3), durante uma operação de larga escala que tomou a Cisjordânia desde a última semana, envolvendo centenas de soldados e veículos blindados.
Osama Musleh disse que tropas israelenses cercavam a casa vizinha quando sua filha foi morta, após abrir a cortina por um breve instante.
“Ela não foi ao telhado, não atirou uma pedra e não estava armada”, reafirmou o pai. “Ela tinha apenas 16 anos! A única coisa que fez foi olhar pela janela e soldado a viu e decidiu atirar nela. Uma bala apenas, que atingiu sua testa”.
LEIA: Israel destrói 70% da infraestrutura de Jenin, incluindo estádio de futebol
Ao menos 33 palestinos foram mortos e outras dezenas foram presos durante a ofensiva israelense — a maior em duas décadas, no contexto do genocídio em Gaza. Casas e ruas inteiras foram destruídas pelas forças coloniais; ordens de evacuação foram emitidas, ao incitar receios de anexação ilegal das terras.
Kamal Abu al-Rub, governador de Jenin, reportou 12 incursões de larga escala conduzidas por Israel em sua província desde o início da guerra em Gaza, há quase um ano.
“Esta é a maior, mais dolorosa e mais opressiva ofensiva de nossa história”, relatou al-Rub à agência Reuters. Os oito dias consecutivos de operações israelenses trouxeram dores e recordações da Nakba, ou catástrofe palestina, não somente aos habitantes das cidades, como também dos campos de refugiados nos arredores.
Checkpoints arbitrários, instalados por Israel nas estradas de toda a Cisjordânia, também impedem o acesso humanitário, incluindo de alimentos.
LEIA: Relatora da ONU desmente ‘autodefesa’ de Israel sobre ataques na Cisjordânia
“A situação das pessoas nas áreas sitiadas é particularmente difícil”, notou al-Rub.
Entre quatro mil e cinco mil receberam ordens israelenses para deixar suas casas na área leste e no campo de refugiados de Jenin, sob promessa de acomodações arranjadas pela Autoridade Palestina.
Em Tulkarem, cidade também atacada, o exército de Israel confirmou ter executado dois homens, ao alegar ter encontrado com eles um fuzil M-16 — contudo, sem permitir que o caso fosse verificado de maneira independente.
Os ataques à Cisjordânia desde outubro deixaram ao menos 680 mortos e mais de cinco mil feridos, além de dez mil palestinos arbitrariamente encarcerados — muitos dos quais sem julgamento ou sequer acusação; reféns por definição.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
LEIA: Netanyahu volta a apagar Palestina do mapa em pronunciamento oficial