Cerca de 61% dos israelenses não confiam na gestão da guerra em Gaza de seu primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, ou sua habilidade em formar um novo governo em caso de eleições antecipadas, revelou uma pesquisa divulgada pela rede estatal Kan.
Conforme os resultados, em caso de eleições antecipadas, o partido Likud de Netanyahu deve vencer somente 22 assentos no Knesset — parlamento, com 120 assentos — contra 23 do chamado Partido do Campo Nacional, liderado por Benny Gantz.
Em terceiro lugar, viriam o partido Yesh Atid, do ex-premiê e Yair Lapid, e Yisrael Beiteinu, do também opositor Avigdor Lieberman, com 14 assentos.
O partido supremacista Otzma Yehudit (Poder Judeu), do ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, e o Meretz (trabalhista) teriam oito assentos cada.
O Hadash (comunista) e o bloco árabe conhecido como Lista Unida conquistariam cinco assentos cada.
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O partido fundamentalista Sionismo Religioso, chefiado pelo atual ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, teria apenas quatro assentos.
Segundo a pesquisa, cerca de 53% do público apoia a retirada do exército do Corredor da Filadélfia, área que separa Gaza e Egito, como prerrogativa para troca de prisioneiros com o movimento Hamas; 29%, entretanto, creem na manutenção das tropas, contra 18% que se dizem indecisos.
Sobre o ministro da Defesa, Yoav Gallant, metade da amostra expressou não confiar nele para administrar a guerra, contra 37% que manifestaram apoio.
Sobre o próximo governo, Gantz — opositor de longa data de Netanyahu, que, contudo, se filiou ao gabinete de guerra no contexto do genocídio em Gaza — surge na frente com 37% das intenções de voto; Netanyahu caiu para 30%, contra 36% da pesquisa anterior, de 22 de agosto.
A pesquisa foi realizada pelo Instituto Kantar em 4 de setembro, com 600 pessoas de mais de 18 anos, com margem de erro de 4% para mais ou para menos.
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O regime israelense vive pressão interna — e crise sem precedentes de relações públicas em âmbito internacional — por um acordo de troca de prisioneiros que reveja os reféns de Gaza e cesse os combates na região.
Protestos de massa tomam o país há meses.
Em Gaza, os ataques indiscriminados de Israel deixaram ao menos 40 mil mortos e 94 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados.
O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.