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Após verão de pogroms, premiê britânico nega enxergar ‘um país racista’

Primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, em frente à sede do governo, em Downing Street, em Londres, em 4 de setembro de 2024 [Rasid Necati Aslim/Agência Anadolu]

Em sua primeira grande entrevista à televisão desde sua posse, em 5 de julho, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, compareceu à BBC para tratar de vários desafios, incluindo a violência de extrema-direita contra minorias no início de agosto.

Em entrevista a Laura Kuenssberg, Starmer negou enxergar o Reino Unido como um “país racista”, mas reconheceu que o racismo exerceu um papel em fomentar ataques a casas, negócios e veículos de árabes, muçulmanos e outros, além de mesquitas.

Turbas supremacistas tentaram incendiar ao menos dois hotéis de requerentes de asilo.

“Não acho que somos um país racista, acho que somos um país de gente decente”, disse Starmer, ao ressaltar a resposta positiva de comunidades que auxiliaram na limpeza e na reconstrução após os ataques.

“Este é o verdadeiro rosto da Grã-Bretanha”, acrescentou o trabalhista.

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Starmer denunciou como “ilegítimos e inaceitáveis” a série de ataques, deflagrados após uma campanha de desinformação sobre a morte de três crianças em Southport. Segundo extremistas de direita, o assassino seria um imigrante — logo desmentidos.

Starmer, porém, admitiu que as pessoas possam ter “pontos de vista fortes” sobre temas como imigração, muito embora a violência e a desordem não possam ser toleradas.

Questionado sobre motivações racistas, o premiê buscou minimizar o problema ao atual contexto: “Penso que houve racismo ali, mas acho que foi coisa da extrema-direita”. Para Starmer, extremismo denota risco, como “uma panaceia a problemas difíceis”.

Sobre o impacto dos ataques extremistas, o premiê admitiu ter em mãos “uma sociedade em pedaços”: “Não é possível justificar os tumultos, mas este buraco negro é uma fissura em nossa sociedade que precisamos reparar”.

Para combater tais tendências, Starmer defendeu maior policiamento e justiça.

Mais adiante, Starmer buscou mudar o foco da conversa a suas promessas de campanha, incluindo melhorar serviços públicos — como o Serviço Nacional de Saúde (NHS), similar ao Sistema Único de Saúde (SUS) —, e tratar da criminalidade no país.

O surto islamofóbico no Reino Unido coincide com políticas de contenção da migração na Europa, junto a um aumento da presença de núcleos de extrema-direita nos parlamentos nacionais e regionais, incluindo grupos ligados a células neonazistas.

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