Diante de aproximação Somália–Egito, Etiópia promete ‘humilhar’ ameaças

O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, prometeu no domingo (8) “humilhar” países que porventura ameacem sua soberania, à medida que tensões continuam a intensificar na região do Chifre da África, considerada historicamente volátil.

O segundo Estado mais populoso da Áfrico está envolvido em uma disputa com a vizinha Somália sobre um acordo marítimo assinado com região de Somalilândia — considerada oficialmente território somali, mas apartada do governo central desde 1991.

Relações com o Egito também permanecem tensas devido à construção do megaprojeto etíope da Grande Represa do Renascimento, na bacia hidrográfica do Nilo, a qual o Cairo alega ameaçar seu acesso vital aos recursos hídricos.

Segundo Ahmed, no entanto: “Não permitiremos que ninguém nos fira e humilharemos a todos que ousem nos ameaçar … E não negociaremos a soberania e a dignidade do povo etíope com absolutamente ninguém”.

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Em agosto, a Etiópia acusou partes não denominadas de “desestabilizar a região”, após o Egito enviar equipamentos militares à Somália como parte de um acordo assinado para a cooperação militar entre o Cairo e Mogadishu.

O Egito também ofereceu enviar tropas à Somália para integrar uma nova missão chefiada pela União Africana que deve substituir as atuais forças de paz conhecidas como Missão Africana de Transição na Somália (ATMIS), no próximo ano.

A Etiópia é hoje uma das principais colaboradoras da ATMIS, que auxilia tropas somalis a combaterem o grupo terrorista al-Shabaab.

A Somália, porém, contesta um acordo entre Etiópia e Somalilândia, assinado em janeiro, que dá ao Estado etíope uma saída para o mar há muito desejada, ao afirmar se tratar de um ataque a sua soberania e integridade territorial.

Sob o acordo, a Somalilândia concordou em conceder 20 km de sua faixa costeira a Addis Ababa por 50 anos, incluindo a construção de um porto e uma base naval. Em retorno, a Etiópia supostamente prometeu reconhecer o Estado separatista.

A Turquia age como mediador nas conversas indiretas entre Etiópia e Somália para tentar solucionar o impasse, mas não conquistou progressos substantivos até então.

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A Somalilândia, antiga colônia britânica com 4.5 milhões de habitantes, age como Estado de facto desde a década de 1990, sob oposição de Mogadishu e sem o reconhecimento, contudo, da comunidade internacional.

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