Egito renova prisão de 59 torcedores de futebol por apoio à Palestina

Uma corte penal do Egito renovou nesta segunda-feira (9) a detenção de 59 torcedores do tradicional clube de futebol al-Ahly por 45 dias, à espera de investigações, após erguerem bandeiras palestinas e entoarem cantos de solidariedade a Gaza durante uma partida em junho.

A decisão foi deferida em videoconferência, sem a presença dos acusados.

O comitê de defesa dos torcedores do al-Ahly tem requerido do procurador-geral do Egito, Mohamed Shawky Ayad, que liberte os detidos, todos estudantes, ao reiterar que a prisão prejudica sua formação ao fazê-los perder os exames finais.

Os advogados explicaram que, caso persista a detenção, os estudantes correm o risco de perderem o ano letivo e mesmo seus respectivos cursos.

Em 17 de junho, cerca de 200 torcedores foram detidos após serem acossados por forças policiais na saída de um jogo contra o Pharco FC, em Alexandria. A maioria foi solta horas depois, sob ameaças de novas sanções caso reincidissem.

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Setenta e dois estudantes continuaram detidos, mas 14 foram soltos desde então. Outros 59 continuam presos.

O regime egípcio do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi sofre pressão pública — rara desde o golpe militar de 2013 — por um melhor posicionamento diante do genocídio em Gaza, conduzido por Israel há mais de 11 meses.

Sisi foi rápido em ordenar a repressão a protestos por solidariedade a Gaza, sob receio de que culminassem em manifestações populares em escala nacional contra as numerosas crises que assolam o país.

Segundo a Rede Egípcia de Direitos Humanos, ao menos cem egípcios, sobretudo jovens, foram presos sob acusações de cunho política, por apoio a Gaza ou oposição à guerra. A organização pede sua soltura imediata.

Em 1º de maio, seis cidadãos foram detidos em Alexandria por hastear uma bandeira em apoio à Palestina. Em 23 de abril, foram 16 ativistas que participavam em um ato por Gaza e Sudão em frente à ONU Mulheres, no Cairo.

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Semanas antes, dez manifestantes foram presos após um protesto pacífico em frente ao Sindicato dos Jornalistas do Egito, também na capital.

O Egito é parceiro no cerco militar israelense contra Gaza desde 2006, denunciado como cúmplice.

Desde que Sisi tomou o poder, seu regime levou cerca de 60 mil ativistas e defensores de direitos humanos para trás das grades, muitos dos quais sem julgamento por período que excede o prazo constitucional.

Outras dezenas de milhares foram submetidos a proibição de viagens, detenção arbitrária e mesmo exílio.

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