O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, voltou a dizer nesta segunda-feira (9) que trabalha para assegurar que 500 mil colonos ilegais radicados na Cisjordânia tenham “os mesmos direitos que qualquer cidadão israelense”.
“Continuarei a trabalhar com todas as minhas forças para permitir que os 500 mil colonos na linha de frente, na linha de fogo, desfrutem dos mesmos direitos que qualquer cidadão em Israel e para impor fatos em campo que impeçam a criação de um Estado palestino”, disse expressamente o ministro na rede social X (Twitter).
“Minha missão de vida é construir a Terra de Israel e impedir o estabelecimento do Estado palestino, que colocará em risco o Estado de Israel”, reiterou Smotrich. “Não é política. É matéria nacional e existencial”.
Smotrich é chefe do partido fundamentalista e supremacista judaico Sionismo Religioso, parte influente da coalizão de governo do premiê Benjamin Netanyahu.
O ministro, ele próprio um colono radicado ilegalmente na Cisjordânia, assumiu poderes sobre a gestão civil dos assentamentos nos territórios ocupados.
A Cisjordânia abriga cerca de 500 mil colonos israelenses, além de 230 mil em Jerusalém ocupada. Os colonos, radicalizados por figuras como Smotrich, costumam atacar aldeias e cidades palestinas, sob escolta militar.
Em julho passado, o parlamento (Knesset) aprovou uma resolução para rejeitar a criação de um Estado da Palestina, ao descrevê-lo como “ameaça existencial” a Israel.
Israel foi criado sobre terras palestinas históricas em 1948, via limpeza étnica planejada, com a expulsão de 800 mil palestinos nativos e destruição de 500 aldeias e cidades, por meio de sucessivos pogroms que continuam até hoje.
Palestinos, desde então sob apartheid, exigem o reconhecimento de seu Estado legítimo, conforme a lei internacional.
O partido governista Likud, chefiado por Netanyahu, no entanto, prevê em seu manifesto o chamado Grande Israel, com apropriação não somente da Cisjordânia, Gaza e Jerusalém — “do rio ao mar” —, como terras sírias, libanesas e mesmo jordanianas.
Em paralelo ao genocídio em Gaza, Israel intensificou violações na Cisjordânia, deixando ao menos 692 mortos e 5.700 feridos, além de dez mil detidos arbitrariamente, desde 7 de outubro de 2023.
Em 19 de julho, em decisão histórica, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, determinou a ilegalidade das décadas de ocupação israelense em terras palestinas, ao pedir evacuação imediata e reparação aos nativos.
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