O novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, realiza nesta quarta-feira (11) sua primeira viagem oficial desde a posse em julho, rumo ao vizinho Iraque, confirmou neste domingo (8) a imprensa estatal.
Pezeshkian chefiará uma delegação de alto escalão à capital Bagdá, a convite do premiê iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani.
A viagem deve ter como enfoque relações bilaterais e incluir a assinatura de memorandos sobre temas prioritários, como cooperação e segurança.
Em agosto, o embaixador iraniano no Iraque, Mohammad Kazem al-Sadegh, reiterou que a viagem, então sem data marcada, seria uma “forma efetiva de melhorar relações [entre os países] em todos os níveis políticos, econômicos e culturais”.
Os acordos, contudo, estavam previstos para serem assinados durante o mandato do ex-presidente Ebrahim Raisi, morto em um acidente de helicóptero em maio. Desde então, o Irã antecipou eleições, nas quais Pezeshkian, considerado moderado, foi eleito.
Desde sua posse, Pezeshkian priorizou relações com países vizinhos, sobretudo o Iraque, visto como essencial em termos de influência política e comércio.
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A viagem coincide com esforços de Bagdá para manter uma posição neutra em uma série de conflitos regionais, ao se posicionar como um intermediário diplomático com o Irã.
O Irã sofre ameaças de uma escalada regional por Israel, em meio ao genocídio em Gaza, somados a disparos israelenses a Líbano, Síria e Iêmen — zonas de influência da Guarda Revolucionária iraniana, unidade de elite do exército.
Em contrapartida, Teerã retomou relações com a Arábia Saudita, com a qual manteve um conflito por procuração no Iêmen por mais de uma década, através do movimento houthi. O acordo saudi-iraniano foi mediado pela China.
Raisi era descrito como linha-dura, próximo do establishment militar e do Supremo Líder, aiatolá Ali Khamenei. Embora Pezeshkian seja visto como moderado, sua candidatura foi sancionada por Khamenei e sua presidência responde às instituições de Estado.
“Quando Pezeshkian assumiu a presidência, algumas pessoas receavam que sua gestão deixaria de priorizar questões regionais, a fim de concentrar esforços em remendar laços com o Ocidente”, explicou Mohaddeseh Rezayi, expert citado pelo Tehran Times. “A visita, porém, mostra que o novo governo está tão comprometido em fortalecer relações com o povo e o governo do Iraque quanto seu antecessor”.
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