O presidente da Tunísia, Kais Saied, nomeou no domingo (8) novos governadores a todas as 24 províncias do país, incluindo nove oficiais a cargos vazios, menos de um mês antes das eleições ao poder executivo marcadas para 6 de outubro.
A gestão anunciou a medida em uma mensagem lacônica no Facebook, sem justificar, no entanto, suas razões: “Saied decidiu fazer uma mudança no corpo de governadores”.
A medida sucedeu em duas semanas uma reformulação nos ministérios do governo, para além do contexto eleitoral, tomado por denúncias de assédio e perseguição a opositores de Saied.
Nove governadores foram nomeados a províncias cuja administração permanecia vaga há meses, incluindo a capital Túnis, e as sedes do poder executivo regional em Ariana, El Kef, Beja, Kairouan, Monastir, Mahdia, Sfax e Gabes.
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Outras 15 províncias — de 24 — tiveram seus governadores substituídos.
Saied, então candidato independente, foi eleito em 2019 para um mandato de cinco anos, mas assumiu poderes quase absolutos em julho de 2021, quando comandou um expurgo nos poderes judiciário e legislativo.
Juristas apontam para riscos à legitimidade das eleições deste ano.
Há receios de que Saied se perpetue no poder, ao rescindir avanços democráticos em um país que se tornou, durante anos, carro-chefe das vitórias populares da Primavera Árabe, após derrubar o longevo ditador Zine El Abidine Ben Ali, em 2011.