Israel comemorou o quarto aniversário dos Acordos de Abraão, que normalizou laços com Estados árabes, em meio ao genocídio em Gaza, neste domingo, 15 de setembro de 2024.
Os acordos, promovidos pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foram firmados no intuito de normalizar laços com Emirados Árabes Unidos e Bahrein, seguidos por Marrocos e Sudão, mediante contrapartidas.
“Israel está comprometido em ampliar o círculo de paz [sic] com outros países da região”, comentou o ministro de Relações Exteriores do regime de apartheid, Israel Katz, segundo informações do jornal Times of Israel.
“Hoje, marcamos quatro anos dos Acordos de Abraão — acordos históricos que refletem um destino em comum e transformaram para melhor o Oriente Médio [sic], em termos de segurança, política, economia, sociedade e educação”, acrescentou o chanceler.
Para Katz, os Acordos de Abraão “esmigalharam a ilusão histórica de que a prosperidade e paz no Oriente Médio [sic] seria possível somente sob certas condições, ao mostrar que a cooperação e uma visão compartilhada são o caminho adiante para um futuro melhor”.
Katz ignorou, no entanto, a crise em Gaza e as demandas do povo palestino por direitos e autodeterminação — condições históricas para a normalização árabe-israelense —, além de protestos em países como Jordânia e Egito e tensões militares em vários fronts, como Líbano, Iêmen, Iraque, Síria e Irã.
LEIA: A aliança entre os Emirados e Israel é uma adaga envenenada nas costas dos árabes
O sheikh Abdullah Bin Zayed al-Nahyan, ministro de Relações Exteriores dos Emirados, no entanto, divergiu no Twitter (X): “Os Emirados não estão prontos para apoiar o pós-guerra em Gaza sem que se estabeleça um Estado palestino”.
No mesmo contexto, Anwar Bin Mohammed Gargash, assessor especial de diplomacia da presidência emiradense, afirmou: “Os Emirados permanecerão ao lado do povo palestino e de seu direito à autodeterminação”.
Segundo Gargash, “a estabilidade na região só pode ser alcançada com a solução de dois Estados [sic]”.
Apesar das declarações de relações públicas, o Instituto de Paz Acordos de Abraão, grupo de lobby dos Estados Unidos, corroborou aumento no volume de comércio entre o Estado colonial e seus “parceiros de paz”, desde a assinatura dos acordos.
Entre janeiro e junho deste ano, o comércio israelo-emiradense atingiu US$283.5 milhões, contra US$17.9 milhões junto ao Bahrein; US$8.4 milhões com Marrocos; US$76 milhões com Egito; e US$51.5 milhões com Jordânia.
Jordânia e Egito normalizaram laços com Israel em 1979 e 1994, respectivamente.
Apesar de suas ações belicistas, Israel busca expandir o escopo da normalização, como golpe direto ao apoio regional aos direitos palestinos. Especulações sobre um pacto com a Arábia Saudita permanecem em voga há anos.
LEIA: O Iraque será o próximo a entrar no movimento da normalização com Israel?
Todavia, segundo relatos, a operação transfronteiriça do grupo Hamas, em 7 de outubro, e o subsequente genocídio em Gaza descarrilaram as negociações, em particular, diante da reaproximação entre Riad e Teerã, sob mediação da China.
Israel mantém bombardeios indiscriminados contra Gaza desde então, com ao menos 41 mil mortos, 95 mil feridos e dois milhões de feridos.
As ações israelenses constituem crime de guerra, punição coletiva e genocídio.