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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

‘Militarização da água’ é parte do apartheid israelense, alerta relator da ONU

Crianças palestinas reúnem galões de água em meio aos bombardeios de Israel, em Khan Younis, Gaza, em 8 de setembro de 2024 [Abed Rahim Khatib/Agência Anadolu]

Pedro Arrojo-Agudo, relator especial das Nações Unidas sobre Direitos Humanos a Água e Saneamento, reiterou nesta segunda-feira (16) que a “militarização da água” por parte de Israel nos territórios palestinos ocupados integra ações de “apartheid hídrico e territorial”, segundo informações da agência Anadolu.

Durante de coletiva de imprensa em Genebra, Arrojo-Agudo observou que a população de Gaza vive, em média, com somente 4.7 litros de água per capita por dia, muito menos do que o mínimo de 15 litros recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo o especialista, a única fonte natural de água potável remanescente em Gaza é o aquífero costeiro. A população sitiada — 2.3 milhões de pessoas —, porém, vê-se forçada a bombear três vezes mais água do que o aquífero recebe naturalmente, devido às ações de Israel, resultando em “intensa intrusão marinha e salinização”.

“Além disso, Israel mantém bloqueio sobre 70% dos materiais necessários para construir e operar estações de tratamento de esgoto, ao impedir o saneamento adequado, levando a crescente contaminação fecal dos lençóis freáticos”, acrescentou.

Arrojo-Agudo destacou que, mesmo antes de 7 de outubro, apenas 40% da população de Gaza recebia água potável. “Com a deflagração da guerra, Israel cortou radicalmente este fornecimento, assim como de energia, ao levar as usinas de dessalinização ao colapso”, elucidou o oficial da ONU.

LEIA: Israel usa água como arma de guerra em Gaza, alerta Oxfam

Sobre as doenças disseminadas devido à crise hídrica, Arrojo-Agudo estimou 1.7 milhões de casos de doenças infecciosas, incluindo diarreia, difteria, hepatite A, varíola e mesmo poliomielite — ou paralisia infantil, erradicada por 25 anos.

“Tudo isso, junto à falta de serviços médicos, deixa mortos, sobretudo bebês e crianças, ao tornar a escassez e a contaminação da água uma bomba silenciosa, com muito menos visibilidade do que aquelas que destroem prédios e matam dezenas de milhares de civis; contudo, não menos letal”, reafirmou.

Para Arrojo-Agudo, as violações israelenses da lei internacional, como determinadas pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, são “sistemáticas”.

A militarização da água nos territórios palestinos ocupados está no âmago da política de apartheid hídrico e territorial pelos últimos 50 anos, incluindo destruição de infraestrutura essencial palestina.

Arrojo-Agudo ressaltou ainda que os palestinos não têm acesso ao Rio Jordão, impedidos até mesmo de construir poços em seus territórios.

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“Palestinos têm somente 70 litros de água por dia e muitas comunidades rurais possuem somente 20 litros, enquanto a população israelense tem quatro vezes mais, em média, e colonos ilegais recebem e usam 18 vezes mais em suas plantações e piscinas”, detalhou, ao indicar política de discriminação institucional.

Israel mantém ataques a Gaza desde outubro de 2023, deixando 41.200 mortos e 95.400 feridos, além de dois milhões de desabrigados, sob cerco militar — sem comida, água ou medicamentos. Entre as fatalidades, 16.400 são crianças.

Na Cisjordânia ocupada, Israel intensificou avanços coloniais, incluindo pogroms contra cidades e aldeias, deixando 700 mortos, 5.700 feridos e dez mil detidos arbitrariamente, em uma campanha de prisão de massa que dobrou a população carcerária palestina.

Israel ignora uma resolução do Conselho de Segurança da ONU por um cessar-fogo, além de medidas cautelares do TIJ, onde é réu por genocídio. A mesma corte reconheceu como ilegal a ocupação nos territórios palestinos, ao pedir a evacuação de colonos e soldados e reparações aos nativos

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e lesa-humanidade.

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