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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Sionistas no Chile atacam Boric por denunciar ‘barbárie’ de Israel

Presidente do Chile, Gabriel Boric, na capital Santiago, 4 de julho de 2024 [Lucas Aguayo Araos/Agência Anadolu]

O presidente do Chile, Gabriel Boric, voltou a denunciar o genocídio israelense em Gaza, em postagem no Twitter (X), na semana passada, ao mencionar um novo massacre contra uma escola no campo de Nuseirat, convertida em abrigo aos deslocados.

“Mais uma vez, o exército de Israel ataca uma escola em Gaza”, lamentou Boric. “Dezoito mortos, [incluindo] refugiados e oficiais da UNRWA [Agência da ONU para Assistência aos Refugiados da Palestina]”.

Em seguida, reafirmou: “Assassinos! Não há justificativa alguma para essa barbárie. Aqui do Chile, respaldamos os clamores do secretário-geral da ONU, António Guterres, por um cessar-fogo”.

Judeus sionistas no país latino-americano, no entanto, atacaram o presidente.

“É inaceitável que o Presidente da República trate dessa questão delicada por postagens informais. Esse tipo de declaração agressiva [sic] não somente distorce a realidade de um conflito complexo [sic], como causa danos à paz social no Chile”, alegou a associação da comunidade.

Boric registrou previamente um pedido de apoio à denúncia sul-africana contra Israel, por genocídio, no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia.

LEIA: ‘Genocídio mais horrível desde Hitler’: América Latina reage a massacres em Rafah

“O Estado do Chile é parte do processo da África do Sul contra Israel em Haia para que se aplique a Convenção para Prevenção e Punição do Crime de Genocídio”, insistiu Boric na semana passada. “A comunidade internacional deve fazer tudo a seu alcance para parar o massacre em Gaza. Não podemos ser indiferentes”.

Sua declaração foi submetida conforme o Artigo 63 do Estatuto da corte, que garante que qualquer Estado signatário tem direito de intervir em processos internacionais.

Para Nelson Hadad, advogado e ex-embaixador chileno, a decisão de Boric representa um passo necessário para que o país se mantenha alinhado à lei internacional.

“Creio que a decisão é coerente com a política externa do Chile, embasada, em essência, na defesa e proteção dos direitos humanos como valor universal a ser respeitado”, disse Hadad. “Saudamos a decisão de aderir à acusação sul-africana sobre crime de genocídio contra o Estado de Israel”.

O ex-embaixador destacou ainda que a decisão é importante para demonstrar ao mundo que a defesa das leis humanitárias internacionais é integral à política externa, em caráter histórico, do Estado chileno.

Hadad crê que este passo pode abrir caminho a outros países latino-americanos.

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O Brasil já é vinculado ao processo sul-africano, sob o reconhecimento do genocídio pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, embora procrastine a ruptura de relações comerciais com o regime israelense.

Núcleos sionistas no Chile, contudo, atacam Boric e seu governo: “Em vez de adotar uma posição equilibrada que promova a paz [sic], Israel é constantemente atacado, ao ignorar a origem do conflito [sic]. O governo — diferente do que faz com Israel — não participa de esforços para sancionar grupos terroristas [sic], como o Hamas e o Hezbollah”.

Para a associação sionista da comunidade judaica, o caso em Haia se dá por “acusações infundadas [sic] sem aguardar uma investigação imparcial dos fatos”.

Os grupos sionistas insistem ainda em difamar Boric como “antissemita”, muito embora muitos dos manifestantes antiguerra, em âmbito global, sejam judeus.

Ativistas pró-Palestina ressaltam, no entanto, que a crise não começou em 7 de outubro, quando o grupo Hamas cruzou a fronteira e capturou colonos e soldados, mas sim no ano de 1948, com a Nakba, ou “catástrofe”, pela expulsão de 800 mil palestinos de suas terras para a criação do Estado de Israel mediante limpeza étnica.

Conforme um ativista no Chile: “A brutal ocupação militar de Israel [sobre a Palestina] é a ‘origem do conflito’. Sem ocupação, não existe resistência”.

O Chile é uma zona de disputa, em particular, por possuir a maior comunidade palestina na diáspora fora dos países árabes, com cerca de 500 mil membros.

Israel mantém ataques indiscriminados à população civil de Gaza desde outubro de 2023, com mais de 41.200 mortos, 95.500 feridos e dois milhões de desabrigados, em desacato a medidas cautelares de Haia por desescalada, assim como uma resolução do Conselho de Segurança por um cessar-fogo.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e lesa-humanidade.

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