O Irã reserva para si o direito de responder, conforme a lei internacional, a um ataque que feriu seu embaixador no Líbano, Mojtaba Amani, advertiu Amir Saeid Iravani, emissário do país nas Nações Unidas, nesta quarta-feira (18).
Em carta submetida ao secretário-geral da ONU, António Guterres, Iravani condenou “nos termos mais contundentes” o que descreveu como “sabotagem e terrorismo” conduzidos pelo “regime descontrolado de Israel”, em referência à explosão de aparelhos móveis, ou pagers, no Líbano, matando dezenas e ferindo milhares.
Tais ações violam a lei internacional, incluindo a Carta das Nações Unidas e convenções para proteção aos diplomatas, assim como ameaçam a paz e a estabilidade não apenas na região como em âmbito global, reiterou Iravani.
A carta destacou também que países ocidentais, sobretudo os Estados Unidos, carregam responsabilidade pelas atividades criminosas de Israel ao manter seu apoio e proteção ao Estado de apartheid.
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Tais “ataques terroristas covardes e cruéis” ocorreram em flagrante violação da soberania e integridade territorial libanesa, reafirmou a missão.
Iravani instou o Secretariado-Geral e o Conselho de Segurança a condenarem os ataques terroristas de Israel, ao assumir as medidas necessárias para impedir reincidência e punir e sancionar os responsáveis.
“O Conselho de Segurança deve também condenar veementemente Israel por suas ações malevolentes na região e tomar medidas decisivas para persuadir este regime terrorista a cessar seus atos de agressão no Líbano, na Síria e na Palestina e dar fim à guerra genocida contra o povo palestino”, enfatizou.
Na quarta-feira, uma nova onda de explosões atingiu walkie-talkies e matou ao menos 14 e feriu 450 pessoas, em áreas distintas do Líbano.
As detonações simultâneas foram confirmadas pelo Ministério da Saúde libanês.
No dia anterior, explosões similares atingiram pagers, deixando ao menos 12 fatalidades e 2.800 feridos, incluindo 300 em estado grave.
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Israel não assumiu responsabilidade pelos atentados até o momento, mas o governo em Beirute e o grupo Hezbollah — ligado a Teerã — indicaram culpa à agência de espionagem Mossad, corroborados por declarações da mídia e de lideranças coloniais sionistas.
O Hezbollah advertiu para “severa retaliação”.
Israel mantém troca de disparos com o Hezbollah na região de fronteira desde outubro de 2023, quando deflagrou seu genocídio em Gaza, com 41 mil mortos e 95 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados.
O exército israelense já havia realizado ataques a Beirute e Teerã, além de disparos a Síria e Iêmen, incitando apreensões de propagação da guerra. Há receios de que o exército da ocupação repita suas violações em Gaza em solo libanês.