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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

ONU aprova fim da ocupação israelense: o que muda agora?

Painel da Assembleia Geral das Nações Unidas mostra resultado da votação em plenário pelo fim da ocupação israelense nos territórios palestinos, em Nova York, Estados Unidos, em 18 de setembro de 2024 [Selçuk Acar/Agência Anadolu]

A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou nesta semana uma resolução histórica exigindo o fim da ocupação israelense dos territórios palestinos da Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Faixa de Gaza. Trata-se do primeiro projeto proposto pela Palestina desde que adquiriu assento entre os Estados-membros da ONU, em 10 de maio de 2024.

A resolução foi aprovada com 124 votos a favor, 14 contra e 43 abstenções, dando aos israelenses um período de doze meses para deixar os territórios. A decisão reafirma a afirmação do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), de julho deste ano, de que a ocupação contínua na Palestina é ilegal de acordo com o direito internacional.

O texto exige que Israel abandone suas políticas de ocupação e devolva terras que

foram confiscadas aos palestinos no prazo de um ano. Além disso, exorta a comunidade

internacional a não reconhecer quaisquer mudanças territoriais ou demográficas causadas pela ocupação e a proibir o comércio de bens provenientes de assentamentos israelenses.

Nas votações realizadas pela Assembleia Geral todas as 193 nações que integram oficialmente a ONU participam do processo simples, porém importantíssimo. A fim de promover a igualdade entre os países do fórum, cada nação tem direito a um voto, independentemente de seu tamanho ou poder econômico. As resoluções da Assembleia não têm força legal e não são vinculativas. No entanto, servem como recomendações que refletem a opinião da maioria ou consenso da comunidade internacional.

As resoluções aprovadas pela Assembleia Geral, como a mais recente sobre a ocupação israelense, têm um peso diplomático significativo, muito embora não tenham poder coercitivo. A resolução aumenta a pressão internacional sobre Israel, em um momento em que as negociações de paz na região enfrentam grandes desafios.

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A medida foi criticada por Israel e aliados, como Estados Unidos, enquanto muitos países europeus se abstiveram devido à linguagem supostamente hostil usada contra Israel. Além disso, a resolução antecede em poucos dias os tradicionais discursos de líderes globais no plenário das Nações Unidas, incluindo o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que abre os trabalhos, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

Decisões da Assembleia Geral precisam, no entanto, passar em seguida pelo Conselho de Segurança, que tem o poder de tomar medidas coercitivas, como sanções ou até mesmo o uso da força, a fim de torná-las vinculativa. Resoluções do Conselho de Segurança são obrigatórias a todos os Estados-membros da ONU, ao contrário das recomendações votadas na Assembleia Geral.

No entanto, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança — Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido — detêm poder de veto, mesmo que a resolução seja aprovada por nove dos 15 membros do fórum. Quando uma dessas potências proscreve uma resolução, ela não pode ser adotada, independentemente de ter o apoio da maioria.

No caso da ocupação israelense, os Estados Unidos têm historicamente utilizado seu poder de veto para impedir resoluções vinculativas contra Israel, o que limita a capacidade da ONU de impor obrigações legais neste contexto.

Na votação da Assembleia Geral, contudo, apenas 14 países votaram contra a resolução, em sua maioria, Estados com laços históricos ou geopolíticos próximos com Israel, dentre os quais os Estados Unidos, que lideraram a oposição. Washington argumentou que medidas supostamente unilaterais, como a resolução aprovada, não contribuem para o avanço do processo da paz entre Israel e Palestina. Acompanharam seu voto Canadá, Hungria, República Tcheca, Paraguai, Argentina, Austrália, Guatemala, Micronésia, Nauru, Ilhas Marshall, Palau e Togo.

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Por outro lado, uma expressiva quantidade de países votou a favor, com maioria absoluta de 124 votos. Dentre esses votos, o Brasil, que declarou por meios oficiais que “considera que esse é mais um passo na direção de garantir o direito dos palestinos à autodeterminação com base na solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável, convivendo lado a lado com Israel em paz e segurança.”

Para além da votação expressiva, cada vez mais países no Ocidente estão reconhecendo o Estado palestino, a exemplo da Espanha que recebeu nesta quarta-feira (18) o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, para se reunir com o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez. Também nesta semana, foi empossado o primeiro embaixador da Palestina na Espanha, Husni Abdelwahed. Após o reconhecimento oficial do Estado da Palestina, em 28 de maio, a representação diplomática da Autoridade

Palestina em Madrid assumiu status de embaixada, levando Abdelwahed, chefe da missão, a apresentar suas credenciais ao rei Felipe VI na segunda-feira (16).

Nota-se, neste contexto, um cenário cada vez mais desfavorável a Israel, com países ocidentais se posicionando a favor da autodeterminação do povo palestino. Mesmo que não haja ações práticas no sentido de Israel se retirar do território palestino no prazo determinado pela resolução, a diplomacia israelense encontrará cada vez mais obstáculos para manter uma posição sustentável na arena internacional.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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