Não há como ouvir testemunhos e ver imagens de Gaza e não se impactar com seu sentido de urgência. E não se revoltar com falas da grande imprensa brasileira justificando atos bárbaros como o bombardeio a uma ambulância explicado como natural no ataque ao terrorismo. Com tais registros exibidos em um vídeo comovente e assustador, começou nesta sexta-feira o 11° Congresso da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), em São Paulo
Com cerca de 500 pessoas no salão do Clube Homs, uma extensa mesa de autoridades e lideranças fez denúncias e depoimentos em português e árabe, enfatizando o imperativo de agir internacionalmente contra a guerra de genocídio e reafirmar a libertação da Palestina do jugo israelense.
O presidente da Fepal, Ualid Rabah, elencou com dados a situação abominável de Gaza, em que estatísticas da morte, infanticídio e destruição superam, proporcionalmente ao tempo e escala, grandes marcas genocidas da história recente, do extermínio de crianças pelo nazismo à destruição na própria Palestina durante a Nakba de 1948.
Diplomatas palestinos da Argentina, Chile, Líbia e Iraque falaram ao lado do embaixador no Brasil, Ibrahim Alzeben, enfatizando a solidariedade como caminho necessário. O papel do Brasil e das universidades brasileiras foi destacado pela representante da União Nacional dos Estudantes, Manuella Mirella, que cobrou o rompimento de contratos e relações com Israel. Lembrou que as armas israelenses usadas contra palestinos são as que matam jovens no Brasil, por causa dessas relações. O caráter da guerra que elimina agricultores e jornalistas, estudantes e professores, mulheres e crianças, lideranças, combatentes e civis, foi denunciado na mesa por representantes do MST, do Sindicato dos Jornalistas, Cebrapaz, de entidades islâmicas, partidos PT e PCdoB, e autoridades governamentais.
As atividades do Congresso prosseguem neste sábado, no Hotel Panamby, na Barra Funda, com a manhã restrita aos delegados vindos das várias regiões brasileiras. Balanços do atual mandato e futuro da gestão da Fepal devem ser tratados no período. Uma programação aberta ao público está prevista para o final da tarde e noite, com oito mesas de debates e uma plenária geral de solidariedade ao povo palestino.
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