A associação de colonos ilegais israelenses Terra Prometida intensificou uma campanha que visa deslocar à força os palestinos da Cisjordânia ocupada à Jordânia, ao disseminar cartazes e panfletos com alertas aos nativos para que deixem suas casas.
Os cartazes incluem um mapa com a “rota correta” para a transferência compulsória dos palestinos, sob os dizeres “A estrada está segura para vocês saírem”.
A rota segue de Nablus e Ramallah, por exemplo, a Salt ou Ajloun, em solo jordaniano.
Outro mapa inclui um local de encontro para os palestinos de Jenin, ao alegar “Saíam em segurança à cidade de Irbid no Norte da Jordânia”, via uma trajetória “garantida e segura”, com intuito de “proteger suas famílias antes do dia prometido [sic]”
A expressão, de caráter fundamentalista, parece apontar planos coloniais de ataques, ou pogroms, a cidades e aldeias palestinas, a fim de deslocar seus residentes como maneira deliberada de limpeza étnica.
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“Corram a Karak antes do dia prometido [sic]”, reiterou um panfleto distribuído na cidade de Hebron (Al-Khalil). “Vocês não existem na terra de nossos ancestrais [sic] … Vão para a Jordânia antes que nosso exército sagrado [sic] desperte enfim”.
Os cartazes de propaganda supremacista incluem ainda um infame mapa ostentado pelo ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, com uma ameaça bilíngue, em árabe e hebraico: “Essa é nossa terra e decidimos que vocês vão embora”.
A retórica extremista, no entanto, não é novidade, mas a campanha militar israelense nos territórios ocupados da Cisjordânia, nas últimas semanas, levou a embaixada da Jordânia a comentar o assunto publicamente.
Amã exigiu que o governo israelense esclareça sua posição oficial, sobre as evidências de que associações coloniais recebem apoio e recursos do exército ocupante ou até mesmo auxiliem na produção, impressão e disseminação dos cartazes e panfletos.
Segundo oficiais jordanianos, tais avanços coloniais recebem apoio de dois ministros em particular: Smotrich e Itamar Ben-Gvir, da pasta de Segurança Nacional.
A propaganda reflete ainda práticas das décadas de 1930 e 1940, quando associações de colonos mobilizaram milícias sionistas a atacar comunidades nativas durante a Nakba de 1948, ou catástrofe, para dar lugar ao Estado de Israel.
Todos os colonos e assentamentos israelenses nos territórios ocupados da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental são ilegais sob a lei internacional.
Em 19 de julho, em decisão histórica, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, reconheceu a ilegalidade da ocupação israelense nas terras palestinas, ao exortar a evacuação imediata de colonos e soldados e reparações aos nativos.