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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Sofrimento dos palestinos é ‘derrota da humanidade’, diz Bósnia na ONU

Denis Becirovic, chefe do Conselho Presidencial da Bósnia e Herzegovina, durante coletiva de imprensa em Istambul, Turquia, em 14 de setembro de 2024 [Arif Hüdaverdi Yaman/Agência Anadolu]

Denis Becirovic, presidente da Bósnia e Herzegovina, ressaltou nesta quarta-feira (25) que o sofrimento de civis palestinos, incluindo crianças, é “hediondo” e que os eventos de um ano em Gaza representam “uma dura derrota para a humanidade coletiva no século XXI”.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

“Todas as vidas humanas são igualmente valiosas”, declarou Becirovic em seu discurso à 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

“Os povos civilizados têm o dever de lutar por direitos humanos para todos, sem importar raça, religião, etnia ou outra filiação”, reiterou.

Segundo Becirovic, os conflitos em Gaza e na Ucrânia arrastaram a humanidade a tempos de crise e incerteza. “É hora de deixar claro que a vida humana é mais importante do que as armas”, acrescentou.

Becirovic recordou o genocídio na Bósnia na década de 1990, ao deferir carga particular a sua intervenção no plenário da ONU: “Apesar de tudo que aconteceu, o povo de meu país quer paz e cooperação. Defendemos a humanidade e a solidariedade”.

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“A Bósnia e Herzegovina é uma história de esperança — de coragem e de união”, concluiu Becirovic. “Infelizmente, ainda vivemos em um mundo onde a injustiça, a insegurança e a intolerância prevalecem. A humanidade nunca tão esteve vulnerável como hoje”.

Gaza e Srebrenica

Em julho de 1995, líderes sérvios conduziram à morte 8.300 homens e meninos na região de Srebrenica, na Bósnia e Herzegovina. As violações deslocaram ainda 30 mil mulheres, crianças e idosos pertencentes à comunidade islâmica, sob violência deliberada.

Desde outubro passado, as ações israelenses em Gaza remeteram a comparações com o genocídio na Bósnia, para além de outros crimes históricos.

Em Gaza, em pouco menos de um ano, são 41 mil palestinos mortos, 95 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob sucessivas ações de transferência compulsória. Dentre as fatalidades, estima-se 16.400 crianças.

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O genocídio na Bósnia, porém, foi reconhecido internacionalmente e teve seus agentes e perpetradores responsabilizados.

Em 2007, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, reconheceu o caso de Srebrenica como genocídio, ao acatar a condenação de sua corte vizinha, o Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre o massacre, deferida unanimemente em 2004.

Em janeiro de 2024, foi a vez de Israel se tornar réu por genocídio, sob processo em curso, após o TIJ deferir a denúncia sul-africana sobre Gaza. Mais recentemente, a mesma corte admitiu a ilegalidade da ocupação militar de Israel na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, ao instruir evacuação imediata de soldados e colonos e reparação aos nativos.

No presente contexto, Karim Khan, promotor-chefe do TPI, requereu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ministro da Defesa, Yoav Gallant. O pedido passa, desde maio, por avaliação de um painel pré-julgamento.

Em último caso, um processo contra os líderes israelenses pode culminar em sua prisão, sob pena perpétua por crimes de guerra e lesa-humanidade, como incidiu a Ratko Mladic, responsável pelo massacre de Srebrenica.

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