Estados Unidos, União Europeia e outras nove nações instaram, nesta quarta-feira (25), o governo israelense e as partes envolvidas no Líbano a concordarem com um cessar-fogo provisório de três semanas, em meio à escalada que ameaça a região.
Israel, no entanto, rejeitou os apelos por diplomacia logo nesta quinta-feira (26), informou a agência Reuters.
“Não haverá cessar-fogo no norte”, insistiu Israel Katz, ministro de Relações Exteriores de Israel, na rede social X (Twitter). “Continuaremos a lutar contra os terroristas do Hezbollah [sic] com toda nossa força, até a vitória”.
A proposta reuniu Estados Unidos, União Europeia, Austrália, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar, ao descrever a conjuntura, em curso há quase um ano, como “intolerável”.
Para os signatários, a situação “representa um risco inaceitável de uma escalada regional ainda maior”, em detrimento dos interesses dos povos em ambos os países — incluindo o retorno de residentes a suas casas na região de fronteira.
“A diplomacia não pode ter êxito em meio a uma escalada”, reiterou a carta. “Pedimos um cessar-fogo urgente de 21 dias na fronteira israelo-libanesa, para dar espaço à diplomacia rumo a uma solução consistente com a Resolução 1701 do Conselho de Segurança, além da implementação da Resolução 2735, do mesmo foro, para um cessar-fogo em Gaza”.
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Em comunicado anterior, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e seu homólogo da França, Emmanuel Macron, admitiram que a troca de disparos transfronteiriços entre Tel Aviv e Hezbollah ameaça uma guerra aberta com baixas civis.
“Neste sentido, temos trabalhado juntos nos últimos dias, por um chamado coletivo a um cessar-fogo temporário que dê à diplomacia uma chance para evitar maiores tensões nas regiões de fronteira”, destacaram Washington e Paris.
Em resposta, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, expressou esperanças — contudo, rechaçadas pela chancelaria israelenses.
Tensões entre Israel e Hezbollah escalaram na última semana, após atentados terroristas atribuídos ao Mossad atingirem o Líbano, com a detonação de aparelhos como pagers e walkie-talkies, além de um bombardeio a Beirute na sexta-feira (20).
Na quinta-feira (19), o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, anunciou que a guerra com o Hezbollah entraria em uma “nova fase”.
Na segunda-feira (23), bombardeios israelenses mataram cerca de 600 pessoas e feriram outras 1.600 — dia mais letal de ataques israelenses ao Líbano em duas décadas. Dentre os mortos, ao menos 50 crianças e dois médicos.
Os ataques seguiram nesta semana, com ao menos 70 mortos em dois dias.
Israel e Hezbollah trocam disparos na fronteira desde outubro passado, quando o exército israelense deflagrou seu genocídio em Gaza. No enclave palestino, são 41 mil mortos e 95 mil feridos em pouco menos de um ano, além de dois milhões de desabrigados.
O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em 26 de janeiro.
Israel mantém ataques também contra zonas de influência do Irã, como Síria e Iêmen, ao sugerir dolo de disseminar a guerra a toda região.
Há receios de que as violações israelenses em Gaza se repitam ainda em solo libanês.
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