Portuguese / English

Middle East Near You

Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

No Conselho de Segurança, Maldivas denuncia ataques de Israel à imprensa

Sessão extraordinário do Conselho de Segurança sobre “Manutenção da paz e segurança internacional: Lideranças pela paz”, na sede do órgão, em Nova York, Estados Unidos, em 25 de setembro de 2024 [Selcuk Acar/Agência Anadolu]

Estados-membros no Conselho de Segurança das Nações Unidas exortaram seus pares a não lavar as mãos sobre violações israelenses à liberdade de imprensa, incluindo ataques diretos a jornalistas e o recente fechamento de redações e emissoras.

As informações são da rede de notícias Al Jazeera.

“Jornalistas da Palestina, do Líbano e da Al Jazeera foram mortos ou tiveram os escritórios fechados por Israel, enquanto arriscam tudo para garantir que não voltemos a um mundo onde crianças e bebês morrem em silêncio, perecem nas trevas”, comentou o presidente das Maldivas, Mohamed Muizzu, aos 15 membros do Conselho nesta quarta-feira (25).

Estima-se ao menos 110 jornalistas e profissionais de imprensa mortos por Israel desde a deflagração de seu genocídio em Gaza, em outubro passado, incluindo quatro repórteres da Al Jazeera, de acordo com o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ).

Autoridades em Gaza apontam, no entanto, 173 vítimas fatais da categoria.

Nos últimos meses, Israel se concentrou em fechar escritórios de mídia sob alegações de segurança, sob condenação, contudo, de organizações e ativistas por direitos humanos e liberdade de imprensa.

LEIA: ‘Massacre de jornalistas’: Grupos instam Europa a encerrar cooperação com Israel

Conforme o CPJ, “os esforços de Israel para censurar a Al Jazeera impactam gravemente o direito do público à informação sobre a guerra em curso, que ceifou muitas vidas em toda a região”.

Em seu pronunciamento ao Conselho de Segurança, Muizzu expressou repúdio às ações de Israel contra a liberdade de imprensa, ao lembrar seus pares de que foi este órgão que estabeleceu a estrutura de uma “ordem mundial embasada em justiça”.

“Essa arquitetura, entretanto, está agora desmoronando sob as ruínas de casas, hospitais e escolas e se desintegrando sob o peso dos corpos de civis inocentes na Faixa de Gaza e também no Líbano”, destacou o presidente.

Muizzu, não obstante, advertiu para o declínio das estruturas globais — “manchadas com o sangue daqueles cuja própria existência deveria ser símbolo de um mundo civilizado —trabalhadores humanitários, agentes das ONU e jornalistas”.

“O poder de veto continua a impedir este conselho de parar o genocídio de Israel contra o povo palestino”, reiterou. “O veto permitiu Israel a seguir com impunidade, no exercício de sua brutal ocupação, em detrimento da segurança regional. É este veto que ainda permite que o massacre se imponha a pessoas inocentes”.

LEIA: Em Gaza, manter a Internet ligada pode custar vidas, mas também pode salvá-las

A declaração de Muizzu ao Conselho de Segurança ecoou seu discurso, no dia anterior, à 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, nesta semana, cujo enfoque foi além dos apelos por reformas na ordem global, com notável apreensão sobre a escalada israelense no Líbano, sob temores de propagação da guerra em escala regional.

Na terça-feira (24), ao foro geral, Muizzu advertiu que Israel busca encobrir seus crimes ao atacar jornalistas. “Como podemos interpretar isso, senão como uma tentativa brutal de impedir que o mundo saiba desses crimes?”, questionou.

“Israel deve ser responsabilizado por todos esses atos de terrorismo — por suas violações das resoluções da ONU e da lei internacional”, acrescentou.

Violações de qualquer país — seja grande ou pequeno, rico ou pobre, que tenham ou não amigos poderosos — não podem ser toleradas. É por isso que o massacre em curso, este genocídio de Israel em Gaza, é um escárnio à justiça e ao sistema internacional.

“O mundo luta para processar a morte de tantos civis em Gaza — agora, ataques de Israel ao Líbano clamam centenas de vidas civis”, concluiu Muizzu. “Seus prantos assombrarão toda a humanidade. Suas lágrimas trazem um gosto amargo a nossa consciência”.

No domingo (22), o escritório da Al Jazeera em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, sofreu uma invasão de forças israelenses, que ordenaram seu fechamento arbitrário por 45 dias, sob acusações espúrias de “incitação e apoio ao terrorismo”.

A Al Jazeera rechaçou as alegações como infundadas, ao caracterizá-las como “mentiras perigosas e absurdas” que impõem ameaça à vida dos jornalistas.

LEIA: Israel mata 160 jornalistas em menos de dez meses, na Faixa de Gaza

“A invasão a nossas redações e o confisco de nossos equipamentos não é uma agressão somente à Al Jazeera, mas uma afronta à liberdade de imprensa e aos próprios princípios do jornalismo”, declarou a agência em nota.

Durante a Assembleia Geral, a rede sediada em Doha realizou uma campanha pelas ruas de Nova York, com caminhões e outros veículos com os dizeres: “Jornalismo não é crime. Atacar jornalistas é que é”.

As violações de Israel se somam ao genocídio na Faixa de Gaza, à véspera de seu primeiro aniversário, em outubro. No enclave palestino, são 41 mil mortos e 95 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados.

As ações de Israel desacatam uma resolução do Conselho de Segurança por cessar-fogo em Gaza, aprovada após reiterados vetos dos Estados Unidos, além de ordens cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia.

Israel é réu por genocídio na corte global, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.

Categorias
Ásia & AméricasIsraelLíbanoMaldivasNotíciaOriente MédioPalestina
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments