‘De uma guerra a outra’: 30 mil deixam Líbano à Síria em apenas três dias

Mais de 30 mil pessoas atravessaram a fronteira do Líbano com destino à Síria nas últimas 72 horas, reportou, com dados atualizados, o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), no contexto da escalada israelense na região.

As informações são da rede de notícias Al Jazeera.

Alertas apontam que os números devem crescer exponencialmente, culminando em uma nova crise internacional de refugiados.

Segundo as informações, divulgadas nesta sexta-feira (27), 80% daqueles que deixaram o Líbano são sírios, novamente deslocados, e 20% são libaneses.

Segundo Gonzalo Vargas Llosa, representante da Acnur na Síria, em coletiva de imprensa, a situação representa uma escolha “extremamente difícil”, ao “atravessar de um país em guerra a outro que sofre crise e conflito há 13 anos”.

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O Líbano abriga cerca de 1.5 milhão de refugiados sírios que deixaram o país por conta da guerra civil, deflagrada em 2011 por violenta repressão do regime do presidente Bashar al-Assad a protestos populares por democracia.

Israel mantém ataques intensos ao Líbano desde a manhã de segunda-feira (23), ao negar apelos internacionais por um cessar-fogo de três semanas com o movimento Hezbollah, ligado ao Irã. Neste período, Israel deixou 700 mortos e até cinco mil feridos.

Segundo Vargas Llosa, aqueles em fuga à Síria são, em maioria, crianças e adolescentes, seguidos por mulheres e então homens. “Veremos nos próximos dias quantos mais farão essa viagem”, reiterou o oficial da ONU.

Filippo Grandi, chefe da Acnur, advertiu nesta semana que o deslocamento em massa no Líbano representa “mais um sofrimento às famílias que fugiram de anos de guerra civil na Síria … para agora serem bombardeadas em seu país anfitrião”.

“O Oriente Médio não pode arcar com mais outra crise de refugiados”, enfatizou o diretor da agência. “Não criemos uma ao forçar mais pessoas a abandonarem suas casas”.

A escalada no Líbano sucede quase um ano de genocídio israelense em Gaza, com 41 mil mortos, 95 mil feridos e dois milhões de desabrigados, incitando receios de reincidência das violações. Em Gaza, entre as vítimas, 16.400 são crianças.

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