EUA prometem encerrar operação no Iraque; presença de tropas continua incerta

Estados Unidos e Iraque reportaram, em nota conjunta emitida nesta sexta-feira (27), um novo acordo para reduzir as operações da coalizão americana no país, incumbida de lutar contra o grupo terrorista Daesh (Estado Islâmico), até o fim de 2025, porém, ao deixar em aberto a possibilidade de uma presença militar ainda prolongada.

O comunicado não especificou qual será o futuro das tropas americanas no Iraque, com a ênfase de que a medida representa ainda uma “transição” e não uma “retirada”.

A primeira fase — prevista para acabar em setembro de 2025 — deve culminar no “fim da presença das forças da coalizão em certas localidades como mutuamente determinado”, comentou um oficial próximo à matéria.

A segunda etapa deve manter operações no Iraque em certa capacidade — “ao menos no decorrer de 2026” —, como apoio aos esforços da coalizão anti-Daesh na Síria.

“Não estamos em posição neste momento de especular ou discutir onde é que vai acabar tudo isso”, destacou a fonte, ao negar detalhes sobre o eventual acordo.

Os Estados Unidos invadiram o Iraque em 2003 sob pretexto de sua “guerra ao terror”, em retaliação global aos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, conduzidos pelo grupo Al-Qaeda contra as Torres Gêmeas em Nova York.

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Em 2007, no ápice das operações, marcadas por violações da lei internacional, em torno de 170 mil soldados americanos agiam no Iraque. Boa parte das tropas foi retirada do país em 2011, apesar da presença continuada de bases militares em áreas estratégicas.

Em 2014, no entanto, o governo do então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, voltou a enviar tropas, quando o Daesh tomou grande parte do país, além de territórios na Síria, no contexto de guerra civil.

O grupo terrorista sofreu derrotas em 2017, no Iraque, e 2019, na Síria, reduzido a células isoladas.

Em 2021, a gestão de Joe Biden — vice-presidente de Obama, eleito contra Donald Trump — encerrou o que descreveu como a “missão de combate” dos Estados Unidos no Iraque, ao transferir 2.500 agentes a um “papel consultório”.

Negociações sobre maior redução da presença ocupante voltaram à tona em janeiro, com a participação do primeiro-ministro do Iraque, Mohammed Shia al-Sudani, sob pressão da opinião pública.

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No último ano, no contexto de uma escalada regional pelo genocídio israelense em Gaza, escalaram ataques de grupos paramilitares, ligados ao Irã, contra bases americanas em solo iraquiano, além de disparos esporádicos a navios ligados a Israel.

Diante de uma iminente invasão israelense do Líbano, contra o influente grupo Hezbollah, receios de propagação da guerra tomam também o Iraque.

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