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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Israel não quer paz, somente guerra, diz Jordânia sobre escalada

Ministro de Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, realiza pronunciamento após reunião da Organização para Cooperação Islâmica (OCI), em Nova York, Estados Unidos, em 27 de setembro de 2024 [Arda Küçükkaya/Agência Anadolu]
Ministro de Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, realiza pronunciamento após reunião da Organização para Cooperação Islâmica (OCI), em Nova York, Estados Unidos, em 27 de setembro de 2024 [Arda Küçükkaya/Agência Anadolu]

O ministro de Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, subiu o tom de suas críticas a Israel, ao advertir que o regime do premiê Benjamin Netanyahu “não tem objetivo senão a guerra”, após uma escalada sem precedentes contra o Líbano.

As informações são da rede de notícias Al-Arabiya.

As declarações de Safadi foram proferidas durante coletiva de imprensa após encontro de alto escalão da Organização para Cooperação Islâmica (OCI), na cidade de Nova York, em paralelo à 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas.

“Estamos aqui, membros do comitê árabe-islâmico, composto por 57 países, para afirmar inequivocamente que todos nós estamos dispostos, agora mesmo, a garantir a segurança de Israel, dado o fim da ocupação e a emergência de um Estado independente palestino”, reiterou Safadi, ao denunciar Israel por abandonar a “solução de dois Estados”.

“Todos nós no mundo árabe queremos a paz, que Israel viva em paz e segurança, aceito e normalizado com os países árabes, desde que dê fim à ocupação, retire-se dos territórios árabes e permita a emergência de um Estado independente e soberano da Palestina, nas fronteiras de 4 de junho de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital”, argumentou, em resposta ao discurso de Netanyahu à ONU.

Safadi — cujo regime mantém relações com Israel desde 1994 — rechaçou a declaração do premiê de que “Israel está cercado por aqueles que querem destruí-lo”.

Para o chanceler, Netanyahu “cria ameaças porque simplesmente não quer a solução de dois Estados — se quisesse, poderíamos perguntar a quaisquer oficiais israelenses qual é seu objetivo, senão guerras e guerras e mais guerras?”

Conforme o diplomata hachemita, “levamos 30 anos para convencer as pessoas de que a paz é possível, mas o governo em Israel matou isso … Levaremos gerações para superar a desumanização, o ódio e a amargura que eles impuseram”.

Safadi advertiu que Netanyahu “pensa somente em destruir Gaza, incendiar a Cisjordânia e destruir o Líbano”.

“Não temos nenhum parceiro de paz em Israel, mas, sim, há vontade por paz no mundo árabe, e é por isso que a comunidade internacional tem de se mexer”, insistiu o ministro, em tom de indignação.

As declarações de Safadi coincidem com uma crise interna na Jordânia, sob protestos de massa sem precedentes contra as agressões israelenses por toda a região, sobretudo ao povo palestino.

A monarquia em Amã é denunciada, porém, por ações colaboracionistas.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro passado, com ao menos 41 mil mortos, 95 mil feridos e dois milhões de desabrigados. Na Cisjordânia, uma escalada colonial — incluindo pogroms — deixou 700 mortos, 2.700 feridos e dez mil encarcerados arbitrariamente no mesmo período.

As ações israelenses constituem crime de genocídio e punição coletiva, como posto pela denúncia sul-africana no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, deferida em 26 de janeiro.

Na última quinzena, Israel intensificou ataques ao Líbano, a partir de atentados terroristas atribuídos ao Mossad que explodiram pagers e walkie-talkies nas ruas do país, seguidos por bombardeios à capital Beirute e outras cidades e aldeias.

“Responsabilizamos Israel pelas consequências catastróficas de sua agressão ao Líbano, lançada de forma brutal, sem qualquer consideração legal ou humanitária, à medida que continua sua agressão a Gaza e sua perigosa escalada na Cisjordânia”, ressaltou Safadi, posteriormente, na rede social X (Twitter).

“Expressamos solidariedade ao Líbano e seu povo irmão, que sofre essa agressão e busca curar suas feridas, e reafirmamos nosso apoio a sua soberania, segurança, estabilidade, coesão e paz”, acrescentou.

Israel troca disparos com o influente movimento libanês Hezbollah, ligado ao Irã, desde o ano passado, no contexto da crise em Gaza; contudo, anunciou na última semana “uma nova fase” das operações armadas, ao assassinar sua liderança, Hassan Nasrallah.

Para analistas e observadores internacionais, Tel Aviv busca atrair Teerã ao conflito, a fim de disseminar a guerra.

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