Líbano sugere enviar exército ao front sul, conforme resolução da ONU

Primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, discursa ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova York, 25 de setembro de 2024 [Selcuk Acar/Agência Anadolu]

O Líbano está pronto para implementar a Resolução 1701 do Conselho de Segurançadas Nações Unidas, incluindo o envio de tropas do exército ao sul do rio Litani,declarou nesta segunda-feira (30) o premiê interino Najib Mikati.As informações são da agência de notícias Anadolu.“Reafirmamos nosso compromisso em implementar imediatamente um cessar-fogocom Israel”, insistiu Mikati após um encontro com o presidente do parlamento, NabihBerri, na capital Beirute.slidenot

Mikati sugeriu a possibilidade de enviar tropas ao sul do território, em coordenação com a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil).Adotada em 11 de agosto de 2006, a resolução pede fim das hostilidades entre ambosos países e estabelecimento de uma zona desmilitarizada entre o rio Litani e a LinhaAzul — fronteira entre Líbano e Israel —, salvo a missão da ONU e forças regulares libanesas.Lideranças israelenses, na semana passada, apontaram a iminência de uma incursão por terra em solo libanês, após uma escalada de ataques aéreos ao país.

Israel Katz, ministro de Relações Exteriores de Israel, destacou na quinta-feira (26)que Tel Aviv acatará um cessar-fogo apenas com a remoção do Hezbollah de suasbases de apoio no chamado front norte — isto é, o sul libanês.Mikati confirmou que suas conversas com Berri — membro da comunidade xiita, ligado ao Hezbollah — trataram de diversos assuntos internos, incluindo a população deslocada e a demanda por assistência às famílias.O primeiro-ministro prometeu se reunir na terça-feira (1°) com representantes dos países doadores, a fim de angariar assistência. Sob crise fiscal, Mikati garantiu que adistribuição será transparente, via Nações Unidas.Autoridades libanesas estimam que até 118.800 pessoas deixaram suas casas, embusca de refúgio em 780 abrigos espalhados pelo país.Os bombardeios israelenses se somam ao colapso da economia libanesa, desde2019, e ao impasse político no país, sem presidente há dois anos.

Mikati reiterou a urgência de eleger um chefe de Estado via consenso político.Segundo o premiê, Berri prometeu convocar uma sessão parlamentar para tanto assimque o exército israelense cessar sua agressão.Mikati conversou também, na manhã de quinta, com o ministro de Relações Exterioresda França, Jean-Noel Barrot, em visita de emergência ao Líbano no contexto daescalada.“A solução repousa em dar fim à agressão israelense ao Líbano e retomar o cessar-fogo — conforme apelos recentes da França e dos Estados Unidos, com apoio daUnião Europeia e de diversos países árabes e da comunidade internacional”, notou opremiê.

Mais de mil pessoas foram mortas no Líbano na última quinzena, em meio aos avanços de Israel, sobretudo no sul e leste do país. Estima-se dezenas de milhares derefugiados que fugiram à Síria — em guerra civil desde 2011.Israel e Hezbollah trocam disparos transfronteiriços desde outubro último, no contexto do genocídio israelense em Gaza, com ao menos 41 mil mortos, 95 mil feridos e doismilhões de desabrigados, sob temores de que as violações se repitam no Líbano.

A recente escalada teve início com atentados terroristas atribuídos ao Mossadisraelense, em meados de setembro, com a detonação de pagers e walkie-talkies nas ruas libanesas. Nos dias seguintes, Israel intensificou seus bombardeios por ar.Na sexta-feira (27), um ataque israelense a uma área civil da periferia de Beirute culminou na morte do secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah.Trata-se da mais violenta campanha israelense contra o Líbano desde o conflito abertode 2006, entre Tel Aviv e Hezbollah, que resultou em derrota tática para o lado israelense e na resolução supracitada.

O Hezbollah é próximo do Irã, a quem Israel busca atrair ao conflito, incitando temores de propagação da guerra em escala regional e internacional.

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