Forças da ocupação israelense voltaram a conduzir uma série de ataques aéreos contra a Faixa de Gaza sitiada, deixando ao menos 21 mortos, confirmaram autoridades locais, de acordo com informações da rede de notícias Al Jazeera.
Os ataques desta terça-feira (1º) coincidem com uma escalada também na Cisjordânia e mesmo além do território palestino, com a primeira operação terrestre israelense em solo libanês desde a guerra contra o Hezbollah em 2006.
A continuidade da violência nos territórios palestinos ocupados parece transcorrer sob as expectativas de Israel de que seja encoberta pela escalada no Líbano, que ressoou alarde sobre a possibilidade uma disseminação da guerra a toda a região.
Um bombardeio israelense, executado de madrugada contra duas residências no campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, matou ao menos 13 e feriu dezenas, relatou a agência de notícias Wafa.
O exército de Israel não comentou a ofensiva, mas disse em nota que um ataque aéreo foi realizado contra um “centro de comando do Hamas”, em alusão a uma escola convertida em abrigo na Cidade de Gaza. Todavia, não apresentou provas.
O Departamento de Defesa Civil em Gaza, desmentiu as alegações israelenses, ao notar que a antiga escola Shujaiyya abrigava famílias deslocadas à força — das quais ao menos sete pessoas foram mortas.
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Dois outros ataques israelenses mataram ao menos cinco palestinos em Rafah, no sul de Gaza, perto da fronteira com o Egito, e na periferia de Zeitoun, na Cidade de Gaza.
Em Khan Younis, no sul do enclave, seis pessoas foram mortas por um bombardeio contra tendas de refugiados, reportaram paramédicos locais.
Neste contexto, o movimento de Jihad Islâmica, as Brigadas al-Qassam — braço armado do Hamas — e outras facções menores da resistência em Gaza disseram em sucessivas notas conduzirem respostas à agressão israelense, com foguetes antitanque, morteiros e aparatos explosivos.
Na Cisjordânia, Israel manteve avanços coloniais, com ao menos 30 palestinos detidos — incluindo uma criança e ex-prisioneiros —, durante uma série de incursões militares nas últimas 24 horas.
Em Nablus, o Ministério da Saúde da Autoridade Palestina confirmou a morte de um rapaz de 25 anos após ser baleado na coxa e abdômen por tropas israelenses, à queima-roupa, no campo de refugiados de Balata.
O conselho da aldeia de Kafr Nima, entre outras comunidades, via Facebook, orientou os residentes a não deixarem suas casas e não mandarem suas crianças à escola, por conta da presença intensificada de soldados da ocupação.
Em nota conjunta, a Sociedade dos Prisioneiros Palestinos e a Comissão de Assuntos dos Prisioneiros e Ex-prisioneiros — entidades que monitoram os direitos humanos de presos políticos — confirmou que Israel prendeu mais de 11 mil pessoas dentro de um ano.
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Os sequestros incluem trabalhadores da Cisjordânia, mas carecem de índices exatos dos prisioneiros de Gaza, sob desaparecimento à força em campos de detenção israelenses, onde casos de tortura, execução sumária e estupro foram registrados.
As organizações observaram ainda que, após dobrar a população carcerária palestina, Tel Aviv passou a apelar exponencialmente a execuções sumárias, com disparos de munição real antes mesmo da abordagem, para além dos abusos físicos.
Relatos de primeira mão confirmam uso de cães, escudos humanos e sequestro durante as operações militares nas cidades e palestinas, junto de demolições de casa, apreensão de posses e explosões em áreas civis.
Tensões seguiram na Cisjordânia em paralelo ao genocídio em Gaza e não devem cessar com a escalada no Líbano — sob receios de reincidência das violações.
Na Faixa de Gaza, são ao menos 41.600 mortos e 96.300 feridos, além de dois milhões de desabrigados sob cerco absoluto — sem comida, água ou medicamentos. Na Cisjordânia e em Jerusalém, são 719 mortos, incluindo 160 crianças e 6.200 feridos.
Israel recebeu reprimendas do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, em duas ocasiões distintas. Primeiro, em 26 de janeiro, quando a corte deferiu o processo sul-africano contra o genocídio em Gaza. Segundo, em 19 de julho, quando reconheceu a ilegalidade da ocupação nos territórios, ao instar evacuação imediata de colonos e tropas e reparação aos nativos.
Desde então, Israel segue em desacato de medidas cautelares da corte em Haia, além de uma resolução por cessar-fogo do Conselho de Segurança das Nações Unidas.